CORPOS
EM CENA: EXPERENCIANDO TEATRO ATRAVÉS DO PIBID.
Ana Caroline de
Jesus Santos
Coautor (a): Liliane
Pires da Silva
Tássio Ferreira Santana
RESUMO
O presente trabalho versa acerca da
experiência das bolsistas do Subprojeto Teatro 2014 do Programa Institucional
de Bolsas de Iniciação à Docência – PIBID, realizado nos Colégios Estadual
Álvaro Augusto da Silva e Colégio Estadual Raphael Serravalle, na cidade
Salvador, Bahia, público-alvo estudantes do ensino fundamental II, ensino médio
e portadores de necessidades especiais. O referido trabalho se debruça sobre a
experiência no ensino de teatro, no âmbito da escola pública. Na ocasião, duas
bolsistas, discentes graduandas em Licenciatura em Teatro pela Universidade Federal
da Bahia, articularam-se
para o desenvolvimento de atividades teatrais nas aulas de artes.
Após analisarmos o comportamento de
adolescentes a partir do pátio da escola e também em sala de aula, percebemos
que esses jovens expressam corporalmente tudo que pensam: seus desejos, frustações,
necessidades, vontades, o que querem ser ou apenas a imitação do que eles
admiram, formando assim suas chamadas tribos, e seus círculos de amizade. Esses
corpos, ora ociosos ora agitados, nos revelaram possibilidades de
ensino-aprendizagem através dos jogos teatrais de Viola Spolin (2006), Jean
Pierre Ryngaert (1981) e Augusto Boal (2004) e Olga Reverbel (1997). A
experimentação dos estudantes no desenvolvimento dos jogos e práticas cênicas,
permitiu a ampliação do autoconhecimento corporal bem como a exploração de suas
capacidades para criações cênicas e performáticas. Contribuíram como arcabouço
teórico os autores Paul Zumthor (2000), tratando da questão da performance como
linguagem, Ana Mae Barbosa (2006) fundamentando a arte-educação no Brasil, e Maria
Lúcia Pupo (2005) contribuindo com reflexões referente ao texto e o jogo
teatral.
Palavras-chaves:
Corpo, Jogos teatrais e teatro.
INTRODUÇÃO
No decorrer do ano de 2014, vivenciamos com estudantes
do ensino médio e do fundamental II o uso de jogos teatrais e exercícios de
improvisação cênica como metodologia de ensino de teatro nos Colégios Estadual
Álvaro Augusto da Silva e Raphael Serravalle, ambos na cidade Salvador, Bahia.
Após analisarmos o
comportamento de adolescentes no pátio da escola e também em sala de aula,
percebemos que esses jovens expressam corporalmente tudo que pensam: seus
desejos, frustações, necessidades, vontades, o que querem ser ou apenas a
imitação do que eles admiram, formando, assim, suas chamadas tribos, seus círculos
de amizade. O uso de jogos estimula esses corpos, ora ociosos ora agitados, nos
revelando possibilidades de ensino-aprendizagem. Sendo o mesmo, um poderoso
instrumento nesta relação, que através dele resgatamos a brincadeira que ficou
esquecida na infância, enfrentamos desafios, desenvolvemos um trabalho em
grupo, onde cada um de forma singular contribui para a evolução do outro,
também construímos conteúdos, temos liberdade para agir diante de regras
pré-estabelecidas, entre outras características fundamentais para o “fazer
teatral”. Segundo Spolin (2000) “os jogos liberam a espontaneidade e criam
fluxo, na medida em que eliminam os movimentos corporais estáticos e aproximam
os atores fisicamente”.
Como proposta
metodológica, optamos em dialogar e utilizar dos métodos da Maria Eugenia Milet
e Paulo Dourado com jogos para a iniciação das aulas, como forma de liberação,
visto que o primeiro contato dos alunos com o professor e vice versa causa um
estranhamento, a aplicação desses jogos é um convite a experimentação a
interação, a brincadeira de criança, que antes era comum, hoje se torna
distante desse público. Isso também foi analisado durante as observações desses
alunos no pátio da escola, antes as brincadeiras corriqueiras eram costume no
momento do intervalo na maioria das escolas, hoje, com o avanço tecnológico as
crianças e adolescentes se prendem em um mundo virtual. Impossibilitando
qualquer contato com o próximo.
A ESCOLHA DOS JOGOS
Pensando
nesses pontos trouxemos jogos de corrida, o pega-pega, batatinha frita, as cirandas
de roda, o jogo do espelho, a mimicas e a imitação, onde o corpo é o principal
elemento de atenção. Após esses jogos de liberação percebemos que os alunos se
sentiram mais a vontade para participar das aulas, deixando evidente essa
mudança a partir da arrumação da sala e da euforia em participar de novas
brincadeiras, antes cadeiras enfileiradas e corpos ociosos.
A experimentação dos
estudantes no desenvolvimento dos jogos e práticas cênicas permitiram a
ampliação do autoconhecimento corporal, a sensibilização, a contextualização, a
reflexão, a liberação, a investigação, os estímulos e interatividade, bem como
a exploração de suas capacidades. A partir dessas manifestações propomos uma discussão
a respeito de como os jogos teatrais e dramáticos podem despertar esse corpo
inerte, que muitas vezes observamos desde o pátio da escola.
O CORPO
Falar
de corpo é também falar de mudanças, todo ser humano é propicio a
transformações, referimos principalmente ao corpo e imagem. O corpo expressa
vários sinais de comunicação avisando ao mundo externo o que estamos sentindo,
fazendo, pensando e de que maneira nos comportamos. O corpo exprime, sinaliza intenções, mostra
emoções, assume atitudes, faz gestos e caras. Não faria nada disso se não houvesse
uma finalidade. (CARVALHO, s/d, p.03)
Haja viso que o nosso corpo sempre lança sinais de
alerta quando alguma coisa na nossa saúde não vai bem, assim ele faz com as
situações habituais do cotidiano. Através de gestos e posturas, alunos no pátio
da escola e na sala de aula, transmitem o que estão pensando e sentindo naquele
momento, fazem do seu comportamento uma linguagem única, e que mesmo sendo
única, se iguala a outros corpos que dividem o mesmo espaço/ambiente,
referimo-nos aqui as salas de aula.
O ser é algo
que se dá na existência. O ser gerencia a percepção que fará surgir o pensar, o
escolher, o decidir e o agir. Um mesmo estímulo é recebido de forma diferente
pelos diferentes seres e a devolução que se dá ao mundo é também particular. A
realidade do mundo somente é experienciada por meio do corpo. É a partir das
relações no mundo que a pessoa se define e dá significado a si mesma. (Marlene
da Conceição Cunha Carvalho Raquel Neto, s/d, p.01)
Muitas
vezes esses corpos apresentam – se despertos, apáticos, cansados, nos primeiros
contatos com aulas de teatro e suas dinâmicas, a voz desses alunos calam e seus
corpos facilmente falam. A linguagem apresentada é sempre de negação,
desconforto e estranhamento com as propostas vinda do professor. Não se
permitindo a novas propostas. Acham “chato” e dizem que “não tem nada a ver com
teatro e ou interpretação”.
A IMPORTÂNCIA E FUNÇÃO DO
JOGO.
O
jogo está presente em nossas vidas desde os primórdios até a atualidade,
segundo Huizinga (1993) “o jogo é fato mais antigo que a cultura” e a mesma
“pressupõe sempre a sociedade humana”. Assim sendo, o jogo, tem existência
antes da civilização humana e é também praticado por animais, conforme afirma o
autor no trecho abaixo:
Os
animais brincam tal como os homens. Bastará que observemos os cachorrinhos para
constatar que, em suas alegres evoluções, encontram-se presentes todos os
elementos essenciais do jogo humano. Convidam-se uns aos outros para brincar
mediante um certo ritual de atitudes e gestos. Respeitam a regra que os proíbe
morderem, ou pelo menos com violência, a orelha do próximo. Fingem ficar
zangados e, o que é mais importante, eles, em tudo isto, experimentam
evidentemente imenso prazer e divertimento. Essas brincadeiras dos cachorrinhos
constituem apenas uma das formas mais simples de jogo entre os animais. (1993,
p. 3)
Os animais jogam
(brincam), as crianças jogam (brincam) e o homem maduro também joga. Para Huizinga,
“O jogo é mais do que um fenômeno fisiológico ou um reflexo psicológico. Ultrapassa
os limites da atividade puramente física ou biológica. É uma função
significante, isto é, encerra um determinado sentido”. (1993, p. 3).
A primeira característica
traz uma reflexão sobre a “liberdade”, ou seja, possibilita uma entrega a
atividade de maneira espontânea de forma voluntária. Ao criar um universo
paralelo entre o real e o imaginário, “faz de conta”, tem-se a segunda
característica. A terceira característica “isolamento, limitação” é refletida
pelo autor quando coloca que o jogo não é vida “corrente” nem vida “real”, pelo
contrário, trata-se de uma evasão da vida “real” para uma esfera temporária de
atividade com orientação própria”. O jogo normalmente acontece num espaço de
tempo fora da vida cotidiana, distinguindo-se da mesma “tanto pelo lugar quanto
pela duração que ocupa”. Mesmo chegando ao fim, o jogo e o conhecimento de sua
prática, continua sendo socializado por gerações ao longo dos anos, fazendo
parte do imaginário coletivo, perpetuando-se com o passar do tempo, fixando-se
“imediatamente como fenômeno cultural”, esta seria a quarta característica. A
quinta e última característica identificada pelo autor é que o jogo “cria ordem
e é ordem”, pois na estrutura do mesmo se faz presente: início, desenvolvimento
e conclusão que são evidenciados através das regras específicas de cada jogo,
ao cumpri-las, o jogador chega mais perto do objeto final da atividade. Dessa
maneira percebe-se, a partir dessas características o jogo enquanto fenômeno
cultural.
As crianças possuem uma
predisposição ao jogo, seja ele teatral ou dramático, diferentemente dos
adolescentes, que muitas vezes não se permitem “jogar”, por timidez, receio de
ser avaliado pejorativamente pelo colega ou ainda, falta de disposição para
sair da “zona de conforto” e enfrentar novos desafios, esta constatação foi
feita durante algumas práticas em sala de aula.
O jogo dramático infantil
surge no momento de uma “brincadeira”, situações imaginárias, onde “o faz de
conta” se desenvolve teatralmente com emoções e atitudes específicas.
O
jogo dramático é uma parte vital da vida jovem. Não é uma atividade de ócio,
mas antes a maneira da criança pensar, comprovar, relaxar, trabalhar, lembrar,
ousar, experimentar, criar e absorver. O jogo é na verdade a vida. A melhor
brincadeira teatral infantil só tem lugar onde oportunidade e encorajamento lhe
são conscientemente oferecidos por uma mente adulta. Isto é um processo de
“nutrição” e não é o mesmo que interferência. É preciso construir a confiança
por meio da amizade e criar a atmosfera propícia por meio de consideração e
empatia. (SLADE, 1978, p. 17 e 18)
Os jogos dramáticos
possuem um caráter improvisacional que ampliam características específicas do
trabalho teatral, como presença cênica, e também estimulam outras que
utilizamos cotidianamente, como atenção, concentração, prontidão, foco,
observação e intuição. Favorecendo o reconhecimento do papel das articulações,
limites físicos, possibilidades de expressão e a memória para esses movimentos,
associando a imaginação.
A improvisação, mesmo que
seja por um impulso estimula, movimenta e desenvolve a capacidade criativa e a
possibilidade que os educandos possuem em participar ativamente de um grupo
quando eles mesmos começam a ter consciência dessa existência. É através de
atividades em grupo que o estudante desenvolve habilidades específicas,
aumentado gradativamente sua capacidade de expressão.
Com relação aos
alunos que apresentam bloqueios, ou seja, dificuldades para exprimir em
linguagem verbal ou gestual seus sentimentos, emoções e sensações, podemos
considerar que, à medida que eles se conhecem, conhecem o outro e o mundo que
os cerca, eles conscientizam-se de seu papel, do seu próprio corpo, relacionam
movimento, espaço, ritmo, e, pouco a pouco, expressam-se naturalmente. Em síntese,
cada aluno situa-se no seu mundo. (REVERBEL, 1996, p. 26)
Por
meio da utilização de jogos teatrais nas oficinas de teatro e também no ensino
formal, que os educandos (jogadores) desenvolvem sentido de cooperação,
autonomia e liberdade dentro de regras estabelecidas. A intenção deste trabalho
será mostrar o aprendizado (encontros e desencontros) envolvidos na prática dos
jogos teatrais, por crianças e adolescentes. Estimulando nos jogadores a busca
por novos saberes, valores, desafios, assim como o desejo de experienciar “o
novo”. Conforme afirma Spolin no seguinte trecho: “Experienciar é penetrar no
ambiente, é envolver-se total e organicamente com ele. Isto significa
envolvimento em todos os níveis: intelectual, físico e intuitivo” (1963, p. 4).
O PIBID NOS COLÉGIOS ESTADUAL ÁLVARO AUGUSTO DA
SILVA E RAPHAEL SERRAVALLE.
Colégio
Estadual Álvaro Augusto da Silva, localizado no bairro do
IAPI, na Rua Conde de Porto Alegre, s/n, na cidade do Salvador, Bahia. A escola
conta com o ensino fundamental II no diurno. A escola tem aproximadamente 600
alunos, cercada por comunidades carentes, envolvidas pelo tráfico de drogas e
criminalidade. O PIBID acontece nessa instituição desde 2012 quando iniciou com
o subtema Pibid interdisciplinar envolvendo teatro e outras disciplinas. Em
2014 o Álvaro Silva ganha um outro formato relacionado ao PIBID, agora com o
teatro somente. O projeto atende alunos do 6º ano ao 8º ano do ensino
fundamental II no turno matutino.
O Colégio Estadual Raphael Serravalle é uma escola da
rede pública do Estado da Bahia, localizada em Salvador, no Itaigara. Abriga
cerca de 2.800 alunos, divididos em Ensino Fundamental e Médio, com 23 salas de
aula, em sua capacidade máxima nos três turnos. Além das salas de aula do
ensino regular, oferece espaços pedagógicos específicos, como salas de língua
estrangeira e informática, laboratórios de biologia e física, biblioteca, sala
de apoio aos alunos com necessidades especiais, quadras poliesportivas e um
auditório, com capacidade para cerca de 200 pessoas. Tem uma gestão
democrática, apoio do Colegiado Escolar e do Grêmio Estudantil sendo ainda
referência no quesito Inclusão de Alunos com Necessidades Especiais, com um
grande número de surdos, além de outras necessidades especiais como Cegueira e
Autismo.
Mesmo sendo instituições
aparentemente distintas, percebemos que o diagnóstico feito por nos duas era o
mesmo. Ao deixar claro uma proposta de atividade a maioria dos estudantes
preferem sentar-se e poucos são os que se arriscam e participam, para que a turma
se envolva no processo é interessante oferta-lhes atividades que lhes pareçam
divertidas a exemplo dos jogos de liberação. Com o caráter mais atrativo o jogo
ganha outros participantes, alunos que primordialmente negaram sua
participação.
Depois de fazer o
diagnostico da turma no primeiro contato, antes até de iniciarmos as atividades
com os jogos. Conscientizamos a classe das atividades a serem realizadas. E
para um fácil entendimento e envolvimento de todos, trocamos o termo “jogo”
para “brincadeira”. As primeiras brincadeiras têm que ser algo que chame a
atenção de todos, e que desperte certa euforia para isso, a partir disso a
turma já começa a entender melhor as aulas de teatro. Podendo já transformar
uma pequena experiência em improvisação cênica. Augusto Boal em muitos de seus
jogos, principalmente relatados em seu livro “jogos para atores e não atores” (2012), descreve vários
jogos/exercícios onde conseguem trazer a compreensão e consciência dos
movimentos do corpo, coordenação motora e até consciência postural. Essas
informações obtidas durante essas experimentações são levadas mais tarde para
as cenas improvisadas.
Os jogos teatrais
utilizados durantes as aulas na disciplina teatro, no Colégio Estadual Rafael
Serravalle tem surtido efeito positivo aos estudantes do ensino médio, em sua
maioria chegam a escola depois de um dia de trabalho cansativo as vezes
trabalhos que exigem muito do esforço físico, o que os levam a deixar presos em
suas cadeiras assistindo as aulas de maneira cartesianas, presas a sua cadeira
observando a fala do professor. Então tira-los dessa realidade e convidar a
praticar os jogos tem sido um desafio ainda assim através dos jogos eles se
liberam da rotina, se permitindo a jogar e fazer atividades em grupos,
facilitando a concentração.
As turmas que possuem
estudantes surdos e um autista também participam das atividades. Mesmo sem a
interprete de libras na sala acompanhando o processo a comunicação acontece.
Visto que uma das possibilidades que o jogo traz é a expressão, a comunicação
de forma gestual, corporal e sonora. O que deixa de ser um desafio passar as
informações para os surdos sem a interprete estar presente. Características que
eles levaram por toda a sua vida. O único aluno autista de todas as turmas é
participativo, com as várias possibilidades que os jogos trazem, esse aluno já
permite o toque, o contato mais próximo, já consegue repetir os movimentações e
gestos. Os corpos adormecidos e cansados do cotidiano despertam para uma nova
vida novas propostas através dos jogos.
Ao imitar um animal, um
objetivo ou uma pessoa, a criança acredita ser o que representa; o ator,
mostrando-nos sua personagem, parece ser. Ambos, a criança e o homem, estão em
seu modo, fazendo teatro (REVERBEL, 1997, p. 166).
O adolescente fica no
meio termo que acaba por não fazer a imitação, por achar infantil ou boba de
mais, não o ator (a função adulta), por ter vergonha de se expor. Sempre ao
propor uma atividade esclareço que a participação é livre, portanto quem não
estiver inserido na ação participa observando e escrevendo relatórios durante
as aulas. Cabe ao professor oferecer uma tarefa alternativa aos alunos que não
aceitarem atuar, ou porque a atividade não os interessa ou porque preferiam
olhar os companheiros (REVERBEL, 1997, p. 163).
O aluno que passa ater
consciência maior do seu próprio corpo a partir do jogo e de um estimulo
sonoro, quando dizemos aos participantes no momento do jogo “fechem os olhos e
sintam sua respiração, batimentos cardíacos, os pés, as costas, as mãos...”, visto
que alguns adolescentes tentam se esconder no momento de apresentação, atrás de
máscaras, cartaz, figurinos, etc. a performance seria um artificio para
facilitar a expressão de um trabalho a ser desenvolvido por meio dos jogos. A
exemplo da performance que os alunos realizaram com poses que fazem para
retratar seus selfis., mais uma vez
altivando o corpo como instrumento de trabalho.
Entre jogos, atividades e brincadeiras realizados com
os alunos, analisar então as performances de cada um seria uma forma de
avaliação contínua, e que segundo o autor Poul Zumthor, performance é o
reconhecimento da ação, e sua função nesta, então a performance realiza,
concretiza, transpassa a realidade em sua atualidade.
“A
performance e o conhecimento daquilo que se transmite estão ligados naquilo que
a natureza da performance afeta o que é conhecido. A performance, de qualquer
jeito, modifica o conhecimento. Ela não é simplesmente um meio de comunicação:
comunicando, ela o marca.” (ZUMTHOR,
s/d. p. 32)
Quando se trás a performance para a aula, nos jogo e
atividades, pode-se internalizar o objetivo daquela ação, com ênfase na
natureza do meio, na oralidade e em seus gestos. A performance está ligada a
improvisação e vice-versa, vem do “feeling” , do sentimento/ação, e que por
algum descuido, surge uma improvisação, logo a interação entre ambos não deixa
transparecer o ocorrido.
CONSIDERAÇÕES
FINAIS.
O
uso de jogos como estimulo e proposta para o inicio das aulas com o intuito de
interação participação nesta, uma vez que, com o avanço tecnológico, as
brincadeiras nos pátios das escolas ficaram mais e difíceis (ou extintas) de
ocorrer, logo a partir das analises feitas com os grupos nos intervalos pudemos
escolher os jogos de ação onde a inercia destes alunos fossem anuladas e a
atenção como principal elemento de fixação nas atividades, percebendo assim a
vontade em participar dos alunos.
Nos
jogos, a criação, o desenvolvimento e a participação em atividades cênicas,
permite-se o autoconhecimento corporal, a contextualização, a reflexão, a
investigação, os estímulos e interatividade explorando suas capacidades de cada
aluno, atingindo o que foi proposto como resultado de cada situação.
Neste
momento, os jogos trouxeram o autoconhecimento onde o corpo é o elemento em
foco, matéria de expressão, sinais e sentidos que estão destinados à
transformações e é também portal de comunicação com o que acontece com o nosso
organismo, nossos sentimentos, mesmo sem utilização de locução verbal para tal.
Os alunos (corpos) apresentavam-se dispersos, apáticos, cansados, nos primeiros
momentos das aulas de teatro, e apesar disto, as atividades, as dinâmicas fazem
com que o corpo de cada um fale, expresse, um resultado, mesmo que avesso do
esperado.
Assim,
ao introduzir os jogos nas aulas, podemos perceber a importância de cada um
para as atividades e suas avaliações corpóreas e participativas. Além disso
tudo, o jogo traz liberdade, pois esquecem da realidade cotidiana, se deixando
levar pelo sentido da brincadeira/jogo. Nos jogos, há regras, ordens para que
os alunos possam seguir e concluir as atividades, e quando uma dessas regras/
ordem for justamente para mudar o curso e o percurso deste, surge o improviso,
que lidados, direta ou indiretamente com a performance de cada um, indica uma
nova maneira de jogar/brincar.
Entretanto,
apesar das aulas ministradas em escolas distintas, o diagnostico da análise
feita com os alunos era a mesma; no principio poucos alunos se arriscavam em
fazer as atividades e, para que a turma se envolva no processo, a possibilidade
de demonstrar, oferecendo-lhes, opções divertidas, como caráter mais atrativo.
Entre
tudo o que se expôs anteriormente, trazer a performance como um ponto
característico, um diferencial; sendo um reconhecimento da ação, ela faz
ligação com o improviso, com o gesto, suas funções e modas teatrais.
Contudo
o que se expõe aqui é a importância dos jogos corporais para o desenvolvimento
do individuo em questão do autoconhecimento, físico e psíquico, suas limitações
e capacidades.
REFERÊNCIAS
HUIZINGA,
Johan. Homo Ludens. Ed. Perspectiva. São Paulo, 2000.
CARVALHO, Marlene
da Conceição Cunha e Raquel Neto. O
corpo que se vê e o corpo que se sente. Disponível em: file:///C:/Users/carol/Desktop/O%20CORPO%20FALA%20ARTIGO.pdf.
Acesso em: 20 out de 2014.
DOURADO, Paulo e Maria Eugenia Milet. Manual de criatividades. Salvador:
EGBA, 1998.
PUPO, Maria Lúcia de Souza Barros. Palavras em Jogo: textos literários e teatro-educação. Tese de Livre Docência. São
Paulo: USP, 1997.
PUPO,
Maria Lúcia de Souza Barros. “Do Texto
ao Jogo: da Análise da Narrativa ao Discurso Teatral” In.: Entre o Mediterrâneo e o Atlântico,
uma aventura teatral. São
Paulo: Perspectiva: CAPES-SP: Fapesp-SP, 2005.
REVERBEL,
Olga. Jogos teatrais na escola. São Paulo: Scipione, 1996.
SLADE,
Peter. O jogo dramático infantil. São
Paulo: Summus, 1978.
SPOLIN,
Viola. Jogos teatrais na sala de aula. Ed.
Perspectiva. São Paulo, 2007.
..........................
Jogos Teatrais: O fichário de Viola
Spolin. Ed. Perspectiva. São Paulo, 2006.
..........................
Improvisação para o Teatro. São
Paulo: Ed. Perspectiva, 1979.
ZUMTHOR, Paul. Performance, recepção, leitura/ Paul Zumthor; trads. Jerusa Pires
Ferreira, Suely Fenerich. São Paulo: EDUC, 2000.
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