Páginas

Para encontrar nossas fotos, relatórios, projetos, planos de aula e etc...

Pesquise aqui!

sábado, 20 de dezembro de 2014

Artigo apresentado no ENALIC, V encontro nacional de licenciaturas, IV seminário nacional do PIBID de 08 a 12 de dezembro de 2014. Natal - RN

CORPOS EM CENA: EXPERENCIANDO TEATRO ATRAVÉS DO PIBID.

Ana Caroline de Jesus Santos
Coautor (a): Liliane Pires da Silva
 Tássio Ferreira Santana


RESUMO

O presente trabalho versa acerca da experiência das bolsistas do Subprojeto Teatro 2014 do Programa Institucional de Bolsas de Iniciação à Docência – PIBID, realizado nos Colégios Estadual Álvaro Augusto da Silva e Colégio Estadual Raphael Serravalle, na cidade Salvador, Bahia, público-alvo estudantes do ensino fundamental II, ensino médio e portadores de necessidades especiais. O referido trabalho se debruça sobre a experiência no ensino de teatro, no âmbito da escola pública. Na ocasião, duas bolsistas, discentes graduandas em Licenciatura em Teatro pela Universidade Federal da Bahia, articularam-se para o desenvolvimento de atividades teatrais nas aulas de artes.
Após analisarmos o comportamento de adolescentes a partir do pátio da escola e também em sala de aula, percebemos que esses jovens expressam corporalmente tudo que pensam: seus desejos, frustações, necessidades, vontades, o que querem ser ou apenas a imitação do que eles admiram, formando assim suas chamadas tribos, e seus círculos de amizade. Esses corpos, ora ociosos ora agitados, nos revelaram possibilidades de ensino-aprendizagem através dos jogos teatrais de Viola Spolin (2006), Jean Pierre Ryngaert (1981) e Augusto Boal (2004) e Olga Reverbel (1997). A experimentação dos estudantes no desenvolvimento dos jogos e práticas cênicas, permitiu a ampliação do autoconhecimento corporal bem como a exploração de suas capacidades para criações cênicas e performáticas. Contribuíram como arcabouço teórico os autores Paul Zumthor (2000), tratando da questão da performance como linguagem, Ana Mae Barbosa (2006) fundamentando a arte-educação no Brasil, e Maria Lúcia Pupo (2005) contribuindo com reflexões referente ao texto e o jogo teatral.

Palavras-chaves: Corpo, Jogos teatrais e teatro.






INTRODUÇÃO


No decorrer do ano de 2014, vivenciamos com estudantes do ensino médio e do fundamental II o uso de jogos teatrais e exercícios de improvisação cênica como metodologia de ensino de teatro nos Colégios Estadual Álvaro Augusto da Silva e Raphael Serravalle, ambos na cidade Salvador, Bahia.
Após analisarmos o comportamento de adolescentes no pátio da escola e também em sala de aula, percebemos que esses jovens expressam corporalmente tudo que pensam: seus desejos, frustações, necessidades, vontades, o que querem ser ou apenas a imitação do que eles admiram, formando, assim, suas chamadas tribos, seus círculos de amizade. O uso de jogos estimula esses corpos, ora ociosos ora agitados, nos revelando possibilidades de ensino-aprendizagem. Sendo o mesmo, um poderoso instrumento nesta relação, que através dele resgatamos a brincadeira que ficou esquecida na infância, enfrentamos desafios, desenvolvemos um trabalho em grupo, onde cada um de forma singular contribui para a evolução do outro, também construímos conteúdos, temos liberdade para agir diante de regras pré-estabelecidas, entre outras características fundamentais para o “fazer teatral”. Segundo Spolin (2000) “os jogos liberam a espontaneidade e criam fluxo, na medida em que eliminam os movimentos corporais estáticos e aproximam os atores fisicamente”.
Como proposta metodológica, optamos em dialogar e utilizar dos métodos da Maria Eugenia Milet e Paulo Dourado com jogos para a iniciação das aulas, como forma de liberação, visto que o primeiro contato dos alunos com o professor e vice versa causa um estranhamento, a aplicação desses jogos é um convite a experimentação a interação, a brincadeira de criança, que antes era comum, hoje se torna distante desse público. Isso também foi analisado durante as observações desses alunos no pátio da escola, antes as brincadeiras corriqueiras eram costume no momento do intervalo na maioria das escolas, hoje, com o avanço tecnológico as crianças e adolescentes se prendem em um mundo virtual. Impossibilitando qualquer contato com o próximo.

A ESCOLHA DOS JOGOS
Pensando nesses pontos trouxemos jogos de corrida, o pega-pega, batatinha frita, as cirandas de roda, o jogo do espelho, a mimicas e a imitação, onde o corpo é o principal elemento de atenção. Após esses jogos de liberação percebemos que os alunos se sentiram mais a vontade para participar das aulas, deixando evidente essa mudança a partir da arrumação da sala e da euforia em participar de novas brincadeiras, antes cadeiras enfileiradas e corpos ociosos.   
A experimentação dos estudantes no desenvolvimento dos jogos e práticas cênicas permitiram a ampliação do autoconhecimento corporal, a sensibilização, a contextualização, a reflexão, a liberação, a investigação, os estímulos e interatividade, bem como a exploração de suas capacidades. A partir dessas manifestações propomos uma discussão a respeito de como os jogos teatrais e dramáticos podem despertar esse corpo inerte, que muitas vezes observamos desde o pátio da escola.

O CORPO
Falar de corpo é também falar de mudanças, todo ser humano é propicio a transformações, referimos principalmente ao corpo e imagem. O corpo expressa vários sinais de comunicação avisando ao mundo externo o que estamos sentindo, fazendo, pensando e de que maneira nos comportamos. O corpo exprime, sinaliza intenções, mostra emoções, assume atitudes, faz gestos e caras. Não faria nada disso se não houvesse uma finalidade. (CARVALHO, s/d, p.03)
Haja viso que o nosso corpo sempre lança sinais de alerta quando alguma coisa na nossa saúde não vai bem, assim ele faz com as situações habituais do cotidiano. Através de gestos e posturas, alunos no pátio da escola e na sala de aula, transmitem o que estão pensando e sentindo naquele momento, fazem do seu comportamento uma linguagem única, e que mesmo sendo única, se iguala a outros corpos que dividem o mesmo espaço/ambiente, referimo-nos aqui as salas de aula.


O ser é algo que se dá na existência. O ser gerencia a percepção que fará surgir o pensar, o escolher, o decidir e o agir. Um mesmo estímulo é recebido de forma diferente pelos diferentes seres e a devolução que se dá ao mundo é também particular. A realidade do mundo somente é experienciada por meio do corpo. É a partir das relações no mundo que a pessoa se define e dá significado a si mesma. (Marlene da Conceição Cunha Carvalho Raquel Neto, s/d, p.01)


Muitas vezes esses corpos apresentam – se despertos, apáticos, cansados, nos primeiros contatos com aulas de teatro e suas dinâmicas, a voz desses alunos calam e seus corpos facilmente falam. A linguagem apresentada é sempre de negação, desconforto e estranhamento com as propostas vinda do professor. Não se permitindo a novas propostas. Acham “chato” e dizem que “não tem nada a ver com teatro e ou interpretação”.

A IMPORTÂNCIA E FUNÇÃO DO JOGO.
O jogo está presente em nossas vidas desde os primórdios até a atualidade, segundo Huizinga (1993) “o jogo é fato mais antigo que a cultura” e a mesma “pressupõe sempre a sociedade humana”. Assim sendo, o jogo, tem existência antes da civilização humana e é também praticado por animais, conforme afirma o autor no trecho abaixo:
Os animais brincam tal como os homens. Bastará que observemos os cachorrinhos para constatar que, em suas alegres evoluções, encontram-se presentes todos os elementos essenciais do jogo humano. Convidam-se uns aos outros para brincar mediante um certo ritual de atitudes e gestos. Respeitam a regra que os proíbe morderem, ou pelo menos com violência, a orelha do próximo. Fingem ficar zangados e, o que é mais importante, eles, em tudo isto, experimentam evidentemente imenso prazer e divertimento. Essas brincadeiras dos cachorrinhos constituem apenas uma das formas mais simples de jogo entre os animais. (1993, p. 3)

Os animais jogam (brincam), as crianças jogam (brincam) e o homem maduro também joga. Para Huizinga, “O jogo é mais do que um fenômeno fisiológico ou um reflexo psicológico. Ultrapassa os limites da atividade puramente física ou biológica. É uma função significante, isto é, encerra um determinado sentido”. (1993, p. 3).
A primeira característica traz uma reflexão sobre a “liberdade”, ou seja, possibilita uma entrega a atividade de maneira espontânea de forma voluntária. Ao criar um universo paralelo entre o real e o imaginário, “faz de conta”, tem-se a segunda característica. A terceira característica “isolamento, limitação” é refletida pelo autor quando coloca que o jogo não é vida “corrente” nem vida “real”, pelo contrário, trata-se de uma evasão da vida “real” para uma esfera temporária de atividade com orientação própria”. O jogo normalmente acontece num espaço de tempo fora da vida cotidiana, distinguindo-se da mesma “tanto pelo lugar quanto pela duração que ocupa”. Mesmo chegando ao fim, o jogo e o conhecimento de sua prática, continua sendo socializado por gerações ao longo dos anos, fazendo parte do imaginário coletivo, perpetuando-se com o passar do tempo, fixando-se “imediatamente como fenômeno cultural”, esta seria a quarta característica. A quinta e última característica identificada pelo autor é que o jogo “cria ordem e é ordem”, pois na estrutura do mesmo se faz presente: início, desenvolvimento e conclusão que são evidenciados através das regras específicas de cada jogo, ao cumpri-las, o jogador chega mais perto do objeto final da atividade. Dessa maneira percebe-se, a partir dessas características o jogo enquanto fenômeno cultural.
As crianças possuem uma predisposição ao jogo, seja ele teatral ou dramático, diferentemente dos adolescentes, que muitas vezes não se permitem “jogar”, por timidez, receio de ser avaliado pejorativamente pelo colega ou ainda, falta de disposição para sair da “zona de conforto” e enfrentar novos desafios, esta constatação foi feita durante algumas práticas em sala de aula.
O jogo dramático infantil surge no momento de uma “brincadeira”, situações imaginárias, onde “o faz de conta” se desenvolve teatralmente com emoções e atitudes específicas.

O jogo dramático é uma parte vital da vida jovem. Não é uma atividade de ócio, mas antes a maneira da criança pensar, comprovar, relaxar, trabalhar, lembrar, ousar, experimentar, criar e absorver. O jogo é na verdade a vida. A melhor brincadeira teatral infantil só tem lugar onde oportunidade e encorajamento lhe são conscientemente oferecidos por uma mente adulta. Isto é um processo de “nutrição” e não é o mesmo que interferência. É preciso construir a confiança por meio da amizade e criar a atmosfera propícia por meio de consideração e empatia. (SLADE, 1978, p. 17 e 18) 

Os jogos dramáticos possuem um caráter improvisacional que ampliam características específicas do trabalho teatral, como presença cênica, e também estimulam outras que utilizamos cotidianamente, como atenção, concentração, prontidão, foco, observação e intuição. Favorecendo o reconhecimento do papel das articulações, limites físicos, possibilidades de expressão e a memória para esses movimentos, associando a imaginação.
A improvisação, mesmo que seja por um impulso estimula, movimenta e desenvolve a capacidade criativa e a possibilidade que os educandos possuem em participar ativamente de um grupo quando eles mesmos começam a ter consciência dessa existência. É através de atividades em grupo que o estudante desenvolve habilidades específicas, aumentado gradativamente sua capacidade de expressão.



Com relação aos alunos que apresentam bloqueios, ou seja, dificuldades para exprimir em linguagem verbal ou gestual seus sentimentos, emoções e sensações, podemos considerar que, à medida que eles se conhecem, conhecem o outro e o mundo que os cerca, eles conscientizam-se de seu papel, do seu próprio corpo, relacionam movimento, espaço, ritmo, e, pouco a pouco, expressam-se naturalmente. Em síntese, cada aluno situa-se no seu mundo. (REVERBEL, 1996, p. 26) 

Por meio da utilização de jogos teatrais nas oficinas de teatro e também no ensino formal, que os educandos (jogadores) desenvolvem sentido de cooperação, autonomia e liberdade dentro de regras estabelecidas. A intenção deste trabalho será mostrar o aprendizado (encontros e desencontros) envolvidos na prática dos jogos teatrais, por crianças e adolescentes. Estimulando nos jogadores a busca por novos saberes, valores, desafios, assim como o desejo de experienciar “o novo”. Conforme afirma Spolin no seguinte trecho: “Experienciar é penetrar no ambiente, é envolver-se total e organicamente com ele. Isto significa envolvimento em todos os níveis: intelectual, físico e intuitivo” (1963, p. 4).

O PIBID NOS COLÉGIOS ESTADUAL ÁLVARO AUGUSTO DA SILVA E RAPHAEL SERRAVALLE.

Colégio Estadual Álvaro Augusto da Silva, localizado no bairro do IAPI, na Rua Conde de Porto Alegre, s/n, na cidade do Salvador, Bahia. A escola conta com o ensino fundamental II no diurno. A escola tem aproximadamente 600 alunos, cercada por comunidades carentes, envolvidas pelo tráfico de drogas e criminalidade. O PIBID acontece nessa instituição desde 2012 quando iniciou com o subtema Pibid interdisciplinar envolvendo teatro e outras disciplinas. Em 2014 o Álvaro Silva ganha um outro formato relacionado ao PIBID, agora com o teatro somente. O projeto atende alunos do 6º ano ao 8º ano do ensino fundamental II no turno matutino.
O Colégio Estadual Raphael Serravalle é uma escola da rede pública do Estado da Bahia, localizada em Salvador, no Itaigara. Abriga cerca de 2.800 alunos, divididos em Ensino Fundamental e Médio, com 23 salas de aula, em sua capacidade máxima nos três turnos. Além das salas de aula do ensino regular, oferece espaços pedagógicos específicos, como salas de língua estrangeira e informática, laboratórios de biologia e física, biblioteca, sala de apoio aos alunos com necessidades especiais, quadras poliesportivas e um auditório, com capacidade para cerca de 200 pessoas. Tem uma gestão democrática, apoio do Colegiado Escolar e do Grêmio Estudantil sendo ainda referência no quesito Inclusão de Alunos com Necessidades Especiais, com um grande número de surdos, além de outras necessidades especiais como Cegueira e Autismo.
Mesmo sendo instituições aparentemente distintas, percebemos que o diagnóstico feito por nos duas era o mesmo. Ao deixar claro uma proposta de atividade a maioria dos estudantes preferem sentar-se e poucos são os que se arriscam e participam, para que a turma se envolva no processo é interessante oferta-lhes atividades que lhes pareçam divertidas a exemplo dos jogos de liberação. Com o caráter mais atrativo o jogo ganha outros participantes, alunos que primordialmente negaram sua participação.
Depois de fazer o diagnostico da turma no primeiro contato, antes até de iniciarmos as atividades com os jogos. Conscientizamos a classe das atividades a serem realizadas. E para um fácil entendimento e envolvimento de todos, trocamos o termo “jogo” para “brincadeira”. As primeiras brincadeiras têm que ser algo que chame a atenção de todos, e que desperte certa euforia para isso, a partir disso a turma já começa a entender melhor as aulas de teatro. Podendo já transformar uma pequena experiência em improvisação cênica. Augusto Boal em muitos de seus jogos, principalmente relatados em seu livro “jogos para atores e não atores” (2012), descreve vários jogos/exercícios onde conseguem trazer a compreensão e consciência dos movimentos do corpo, coordenação motora e até consciência postural. Essas informações obtidas durante essas experimentações são levadas mais tarde para as cenas improvisadas.
Os jogos teatrais utilizados durantes as aulas na disciplina teatro, no Colégio Estadual Rafael Serravalle tem surtido efeito positivo aos estudantes do ensino médio, em sua maioria chegam a escola depois de um dia de trabalho cansativo as vezes trabalhos que exigem muito do esforço físico, o que os levam a deixar presos em suas cadeiras assistindo as aulas de maneira cartesianas, presas a sua cadeira observando a fala do professor. Então tira-los dessa realidade e convidar a praticar os jogos tem sido um desafio ainda assim através dos jogos eles se liberam da rotina, se permitindo a jogar e fazer atividades em grupos, facilitando a concentração.
As turmas que possuem estudantes surdos e um autista também participam das atividades. Mesmo sem a interprete de libras na sala acompanhando o processo a comunicação acontece. Visto que uma das possibilidades que o jogo traz é a expressão, a comunicação de forma gestual, corporal e sonora. O que deixa de ser um desafio passar as informações para os surdos sem a interprete estar presente. Características que eles levaram por toda a sua vida. O único aluno autista de todas as turmas é participativo, com as várias possibilidades que os jogos trazem, esse aluno já permite o toque, o contato mais próximo, já consegue repetir os movimentações e gestos. Os corpos adormecidos e cansados do cotidiano despertam para uma nova vida novas propostas através dos jogos.
Ao imitar um animal, um objetivo ou uma pessoa, a criança acredita ser o que representa; o ator, mostrando-nos sua personagem, parece ser. Ambos, a criança e o homem, estão em seu modo, fazendo teatro (REVERBEL, 1997, p. 166).
O adolescente fica no meio termo que acaba por não fazer a imitação, por achar infantil ou boba de mais, não o ator (a função adulta), por ter vergonha de se expor. Sempre ao propor uma atividade esclareço que a participação é livre, portanto quem não estiver inserido na ação participa observando e escrevendo relatórios durante as aulas. Cabe ao professor oferecer uma tarefa alternativa aos alunos que não aceitarem atuar, ou porque a atividade não os interessa ou porque preferiam olhar os companheiros (REVERBEL, 1997, p. 163).
O aluno que passa ater consciência maior do seu próprio corpo a partir do jogo e de um estimulo sonoro, quando dizemos aos participantes no momento do jogo “fechem os olhos e sintam sua respiração, batimentos cardíacos, os pés, as costas, as mãos...”, visto que alguns adolescentes tentam se esconder no momento de apresentação, atrás de máscaras, cartaz, figurinos, etc. a performance seria um artificio para facilitar a expressão de um trabalho a ser desenvolvido por meio dos jogos. A exemplo da performance que os alunos realizaram com poses que fazem para retratar seus selfis., mais uma vez altivando o corpo como instrumento de trabalho.
Entre jogos, atividades e brincadeiras realizados com os alunos, analisar então as performances de cada um seria uma forma de avaliação contínua, e que segundo o autor Poul Zumthor, performance é o reconhecimento da ação, e sua função nesta, então a performance realiza, concretiza, transpassa a realidade em sua atualidade.

“A performance e o conhecimento daquilo que se transmite estão ligados naquilo que a natureza da performance afeta o que é conhecido. A performance, de qualquer jeito, modifica o conhecimento. Ela não é simplesmente um meio de comunicação: comunicando, ela o marca.”  (ZUMTHOR, s/d. p. 32)


Quando se trás a performance para a aula, nos jogo e atividades, pode-se internalizar o objetivo daquela ação, com ênfase na natureza do meio, na oralidade e em seus gestos. A performance está ligada a improvisação e vice-versa, vem do “feeling” , do sentimento/ação, e que por algum descuido, surge uma improvisação, logo a interação entre ambos não deixa transparecer o ocorrido.




CONSIDERAÇÕES FINAIS.

O uso de jogos como estimulo e proposta para o inicio das aulas com o intuito de interação participação nesta, uma vez que, com o avanço tecnológico, as brincadeiras nos pátios das escolas ficaram mais e difíceis (ou extintas) de ocorrer, logo a partir das analises feitas com os grupos nos intervalos pudemos escolher os jogos de ação onde a inercia destes alunos fossem anuladas e a atenção como principal elemento de fixação nas atividades, percebendo assim a vontade em participar dos alunos.
Nos jogos, a criação, o desenvolvimento e a participação em atividades cênicas, permite-se o autoconhecimento corporal, a contextualização, a reflexão, a investigação, os estímulos e interatividade explorando suas capacidades de cada aluno, atingindo o que foi proposto como resultado de cada situação.
Neste momento, os jogos trouxeram o autoconhecimento onde o corpo é o elemento em foco, matéria de expressão, sinais e sentidos que estão destinados à transformações e é também portal de comunicação com o que acontece com o nosso organismo, nossos sentimentos, mesmo sem utilização de locução verbal para tal. Os alunos (corpos) apresentavam-se dispersos, apáticos, cansados, nos primeiros momentos das aulas de teatro, e apesar disto, as atividades, as dinâmicas fazem com que o corpo de cada um fale, expresse, um resultado, mesmo que avesso do esperado.
Assim, ao introduzir os jogos nas aulas, podemos perceber a importância de cada um para as atividades e suas avaliações corpóreas e participativas. Além disso tudo, o jogo traz liberdade, pois esquecem da realidade cotidiana, se deixando levar pelo sentido da brincadeira/jogo. Nos jogos, há regras, ordens para que os alunos possam seguir e concluir as atividades, e quando uma dessas regras/ ordem for justamente para mudar o curso e o percurso deste, surge o improviso, que lidados, direta ou indiretamente com a performance de cada um, indica uma nova maneira de jogar/brincar.
Entretanto, apesar das aulas ministradas em escolas distintas, o diagnostico da análise feita com os alunos era a mesma; no principio poucos alunos se arriscavam em fazer as atividades e, para que a turma se envolva no processo, a possibilidade de demonstrar, oferecendo-lhes, opções divertidas, como caráter mais atrativo.
Entre tudo o que se expôs anteriormente, trazer a performance como um ponto característico, um diferencial; sendo um reconhecimento da ação, ela faz ligação com o improviso, com o gesto, suas funções e modas teatrais.
Contudo o que se expõe aqui é a importância dos jogos corporais para o desenvolvimento do individuo em questão do autoconhecimento, físico e psíquico, suas limitações e capacidades.



REFERÊNCIAS

HUIZINGA, Johan. Homo Ludens.  Ed. Perspectiva. São Paulo, 2000. 
CARVALHO, Marlene da Conceição Cunha e Raquel Neto. O corpo que se vê e o corpo que se sente. Disponível em: file:///C:/Users/carol/Desktop/O%20CORPO%20FALA%20ARTIGO.pdf. Acesso em: 20 out de 2014.
DOURADO, Paulo e Maria Eugenia Milet. Manual de criatividades. Salvador: EGBA, 1998.

PUPO, Maria Lúcia de Souza Barros. Palavras em Jogo: textos literários e teatro-educação. Tese de Livre Docência. São Paulo: USP, 1997.

PUPO, Maria Lúcia de Souza Barros. “Do Texto ao Jogo: da Análise da Narrativa ao Discurso Teatral” In.: Entre o Mediterrâneo e o Atlântico, uma aventura teatral. São Paulo: Perspectiva: CAPES-SP: Fapesp-SP, 2005.
REVERBEL, Olga. Jogos teatrais na escola. São Paulo: Scipione, 1996.
SLADE, Peter. O jogo dramático infantil. São Paulo: Summus, 1978.
SPOLIN, Viola. Jogos teatrais na sala de aula. Ed. Perspectiva. São Paulo, 2007.
.......................... Jogos Teatrais: O fichário de Viola Spolin. Ed. Perspectiva. São Paulo, 2006.
.......................... Improvisação para o Teatro. São Paulo: Ed. Perspectiva, 1979.
ZUMTHOR, Paul. Performance, recepção, leitura/ Paul Zumthor; trads. Jerusa Pires Ferreira, Suely Fenerich. São Paulo: EDUC, 2000.






Nenhum comentário: