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segunda-feira, 9 de fevereiro de 2015

FICHAMENTO

LIVRO: O Jogo Dramático no Meio Escolar
AUTORA: Jean Pierre Ryngaert
BOLSISTA: Liliane Pires
REFERENCIA: RYNGAERT, Jean P. O Jogo Dramático no Meio Escolar. Coimbra: Editora: centelho, 1981.


FICHAMENTO


"Pela minha parte, não tenho dúvidas acerca do interesse de toda ordem que a criança pode retirar de um jogo dramático cujo professor supervisionou a preparação e a realização. Apoiando-se nos conhecimentos adquiridos, as iniciativas da criança e as suas qualidades de invenção afirmam-se e desenvolvem-se para seu proveito e alegria pessoal." (p. 14-15, l.37)

 "Neste período de dificuldades econômicas, de retracção dos subsídios ou de concentração dos meios nas mãos de organizações importantes, mais facilmente controláveis e que fazem sobretudo <<espectáculos>>, (...)" (p. 19, l.09)

 “Ainda aqui se põe o problema do papel do professor, pois, apesar de todos os debates e de todos os dossiers, é ele o verdadeiro catalisador entre os espetáculos e os alinos que ele tem todo o ano. Cabe-lhe a ele ter em conta as coisas, qual a intervenção eficaz, qual a que arrisca asfixiar sob um pedagogismo excessivo os minutos de prazer ou de poesia que o espetáculo possa ter feito nascer.” (p. 21, l.21)

“Qual o papel do professor ao lado dos animadores, que tipo de diálogo pode ele encetar com as equipes de teatro que penetrem no meio escolar?” (p. 26, l.06)

“Uma vez que é este equilíbrio que faz o jogo, quais as relações que se instauram entre o real e o imaginário dentro do jogo e, depois, do jogo dramático? Esta pergunta é decisiva quando fixámos como objetivo para o jogo dramático falar da realidade, e nos esforçamos por descobrir como é que ele pode falar de forma a transforma-se num instrumento de análise do mundo.” (p. 41, l.09)

"O teatro cansa-se inutilmente quando luta no terreno da ilusão contra artes cuja essência é duma outra natureza. O objetivo consiste em fazer descobrir aos alunos qua a riqueza da linguagem teatral não está na intenção de fazer crer, mas na de mostrar para fazer compreender" (p. 63, l29)

 "Existe uma forma de jogo dramático exemplar, um modelo ideal a reproduzir, que respeite escrupulosamente as tentativas de definição propostas? É evidente que, na prática, o trabalho depende de um número considerável de contigêntes e imperativos locais. Como dar conta das práticas senão através de uma acumulação de anedotas ou de uma teorização excessivamente árida?" (p. 73, l.01)

 “Jogo livre com objetivos quotidianos em função da sua utilidade usual e, em seguida, de maneira a que eles ganhem um sentido novo pela utilização que se faz deles.” (p. 91, l.08)

“A passagem do texto narrativo a uma materialização cénica esconde algumas ratoeiras se os jogadores não têm uma ideia clara daquilo que querem dizer. A mais frequente consiste em multiplicar imagens que são uma repetição desnecessária do próprio texto, quer reduzindo-o a uma banda desenhada (que ainda diz menos), quer acumulando à sua volta imagens estetizantes e, muitas vezes, redundantes.” (p. 111, l.01)

“Podemos jogar tudo? Devemos deixar jogar tudo? Para quê deixar jogar histórias tão pouco interessantes? São as três interrogações comuns a muitos professores e animadores desiludidos pela observação de dramatizadores estéreis e repetitivas que imitam, com grande esforço, narrativas estafadas ou decalcadas naquilo que o mundo tem de mais pálido e mais redutor.” (p. 178, l.16)
  
“Evitaremos, então, estas situações conflituosas em que o professor tem a sensação de ser desapossado da sua turma por um animador demagógico, de passagem, enquanto que o animador tem a sensação de estar a fazer frente a um professor passivo que só tolera a sua presença para aproveitar um recreio.” (p. 212, l.22)

“Por fim, e isto é muito importante, o grupo que joga é o único que pode decidir como é que vai voltar a jogar e o que fará com as propostas que acabaram de lhe ser dirigidas.” (p. 224, l.17)


COMENTÁRIO RELAÇÃO: A importância do professor e o animador X desenvolvimento da capacidade de jogos dramáticos.


Ryngaert discute em Jogar, representar uma das questões centrais no atual teatro brasileiro: a profusão de experiências com “não-atores”.  Permeando todo o livro está o tema do desenvolvimento da capacidade de jogo, encarado como resultado do desenvolvimento individual de todos os seus participantes. “Uma das primeiras peculiaridades que chamam a atenção na leitura é a derrubada das fronteiras entre os atores e os chamados ‘não-atores’, ou seja, aqueles que, independentemente de idade ou inserção, se dispõem à experiência teatral sem vinculá-la a nenhuma pretensão de carreira. Nesse sentido, este livro é sem dúvida um divisor de águas” escreve a pesquisadora teatral e professora Maria Lúcia Pupo, que assina a introdução da edição. “O interesse pelo jogo – diz Ryngaert – provém dessa situação de entre-lugar, nem no sonho nem na realidade, mas numa zona intermediária que autoriza a multiplicação das tentativas com menores riscos.” É nesta “zona intermediária” que Ryngaert pensa uma pedagogia do teatro, “questão central hoje no Brasil”, segundo Maria Lúcia Pupo, se for levada em conta a profusão de experiências teatrais, “tal como aquelas que ocorrem em escolas, centros culturais, prisões, organizações não-governamentais, entre outros”. Pensando o jogo fundamentalmente no tríptico da experiência sensível, da experiência artística e da relação com o mundo, Ryngaert explora, em Jogar, representar, as dimensões mais diversas dessa atividade. Por isso mesmo vai tomar para si as palavras do psicólogo e pediatra inglês D. W. Winnicott, quando este diz que “jogar é uma forma fundamental da vida”.

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