Drama: Teoria e Método
“O Drama, uma forma essencial de
comportamento em todas as culturas, permite explorar questões e problemas
centrais à condição humana e oferece ao indivíduo a oportunidade de definir e
clarificar sua própria cultura.” (p. 11)
“É comum o uso de convenções e técnicas
teatrais do primeiro e do segundo graus, usualmente como elementos
facilitadores da aquisição e fixação de conhecimentos. Entretanto, seu uso em
si, distanciado de um contexto dramático, não vai além de uma estratégia
dinâmica de conhecimentos. O potencial estético do teatro na educação, de
conhecer e sentir (envolvimento emocional) perde-se ao se separar técnicas
teatrais do contexto dramático.” (p. 11)
“O drama como método de ensino, eixo
curricular e/ou eixo gerador constitui-se atualmente numa subárea do fazer
teatral do fazer teatral e está baseado num processo contínuo de exploração de
formas relacionadas com um determinado foco de investigação.” (p. 12)
“Ao fazer o teatro/drama, entramos em uma
situação imaginária – no contexto da
ficção. A aprendizagem decorrente
emerge desta situação e do fato de termos de responder a ela, realizar ações e
assumir atitudes nem sempre presentes em nosso cotidiano.” (p. 12)
“O contexto da ficção permite focalizar ou
desafiar aquilo que é normalmente aceito sem questionamentos, [...]
possibilitando a experiência de respostas
ou atitudes reais como se estas fizessem parte do universo imaginário.”
(p.12)
“Contexto e circunstancias são
convincentes, primeiramente pela sua coerência interna, e este dependerá do
acesso as informações e material de pesquisa disponível ao grupo.” (p. 13)
“[...] a situação dramática pode tornar-se
convincente pela interação entre o contexto da ficção, o contexto social e o
contexto da interação cênica.” (p. 13)
Contexto
de ficção- seleção que focaliza seres humanos, seus relacionamentos e o
contexto de existir se aquele fato fosse real.
“A ênfase no contexto da ficção traz à tona
questões referentes à história de vida e memórias, ambas usualmente
privilegiadas no fazer teatral em escolas e comunidades” (p. 13)
“O contar história é assim uma reconstrução
proposital do evento tanto pela perspectiva do narrador quando do investigador
ou receptor. Este fato liga o contar histórias, e em decorrência o coletar
memórias, ao fazer artístico. A credibilidade da narrativa está assim associada
ao ser convincente, à possibilidade de que os eventos narrados sejam percebidos
(sentidos) pelo receptor de maneira pela qual o narrador os está afirmando.”
(p. 14)
“A investigação das memórias fica dessa
forma situada entre intenções e reconstruções; é isto que situa o processo
artístico” (p. 15)
Para Cecily O’Neil o roteiro vem a ser um
estímulo que promove o aluno um crescimento orgânico do processo. É um suporte
para os demais significados a serem explorados.
“O pré-texto é, assim, não apenas um estímulo;
sua função é bem mais ampla. Enquanto o estímulo sugere a idéia ou a ação
inicial, o pré-texto indica não somente o que existe anteriormente ao texto
(contexto e circunstâncias anteriores), mas também subsidia a investigação
posterior, uma vez que introduz elementos para identificar a natureza e os
limites do contexto dramático e dos papéis dos participantes.” (pag. 15)
“O drama, enquanto processo, muitas vezes está
desvinculado de um texto dramático ou de um script.
Entre as razoe apontadas pelos professores, estão a dificuldade de encontrar o
texto adequado às situações que se quer explorar, a necessidade de responder ao
interesse imediato do grupo, o número de alunos envolvidos, etc.” (pag. 17)
“A figura do professor-personagem como uma
forma de avaliar o conhecimento e envolvimento adquiridos até então e sugerir
aspectos a serem envolvidos posteriormente. Ele interage com os alunos em
contextos diversos, utilizando diferentes códigos lingüísticos para desafiar
posturas, ações e atitudes.” (pag. 19)
“O papel assumido pelo professor pode ser
metaforicamente representado como o de um obstáculo, o qual os alunos precisam superar
por meio de argumento, da negociação iu do compromisso” (pag. 20)
“Ambientação cênica e teatralidade
referem-se à possibilidade de levar os participantes a participar de uma
realidade virtual, de se envolver na fantasia despertada pelo contexto da
ficção intensificado pela participação ativa num evento teatral” (pag. 30)
Drama como eixo
curricular no ensino Fundamental
“A natureza do drama tem a ver com
descobrir e redescobrir novas dimensões no material sendo investigado. [...] o
aluno ao investiga as respostas o fará de acordo com suas necessidades e
interesses, caracterizando-se assim como produtor dos conhecimentos adquiridos
em vez de mero reprodutor que lhe é passado pelo professor.” (pag. 33)
O contexto
dramático
“o desenvolvimento do processo a partir de,
e delimitado por, um contexto dramático torna-se fundamental para abordar o
drama como eixo-curricular.” (pag. 36)
“O estímulo composto reúne um conjunto de
artefatos - objetos, fotografias, cartas, cartas e documentos em uma embalagem
apropriada. A história que se desenvolve a partir dele ganha significância
através do cruzamento de seu conteúdo – e como os detalhes de cada um sugerem
ações e motivações humanas.” (pag 36)
Comentário:
Biange apresenta neste livro uma nova metodologia onde o professor tem a possibilidade de imergir o aluno num universo ficcional: o drama. Didaticamente, representa primeiramente a retirada do poder criador e centralizador dos conceitos da obra do professor, que passa então a estimular o aluno a suas próprias criações. Para que o drama funcione, deve despertar o interesse do aluno. Por tanto, deve ser ter ressonância com sua realidade ou interesses. Também deve estar bem contextualizado, com fatos históricos e geográficos coerentes. Isso implica numa pesquisa que deve ser feita pelo professor que extrapola o conhecimento segmentado na área de artes e abrange outros saberes: os matemáticos, físicos, geográficos, históricos, linguísticos.
Para que o aluno não se veja perdido em meio a esse mar de informações, é comum os episódios do drama serem conduzidos pelo professor personagem, dividido em seus graus de autoridade, a depender do tema proposto. É extremamente importante deixar que a criança tome suas próprias decisões. O aluno conseguirá alcançar sua autonomia no jogo, e na sala, quando o professor permitir que ele se torne autônomo. Ao docente, cabe aceitar e mergulhar no jogo proposto pela criança, tomando o devido cuidado para que se mantenha o foco do jogo, fazendo perguntas quado for necessário.
Nenhum comentário:
Postar um comentário