Páginas

Para encontrar nossas fotos, relatórios, projetos, planos de aula e etc...

Pesquise aqui!

terça-feira, 20 de setembro de 2011

Fichamentos e impressões textos 5 e 6

Disposição do palco/platéia ao longo da história: lugar e papel do espectador.

Autor: Luiz Claudio Cajaiba Soares.

“As mudanças arquitetônicas dos espaços destinados às encenações teatrais, especialmente no que se refere aos palcos e às platéias, que tiveram início com as encenações de tragédias e comédias gregas continuam se desenvolvendo e se modificando até hoje.” (p. 178)

“As transformações promovidas pelo teatro romano já vinham carregadas de aproximações na relação palco/platéia e já denunciava o grau de sedução e provocação que um exercia sobre o outro e vice-versa.” (p. 180)

 “As encenações nas praças e mercados, em palcos distribuídos em círculo, sobre os quais se representavam repetidamente as paixões, retomaram a disposição circular em torno da cena, característica do teatro grego. Mas desta vez o público estava aproximado e unificado pela fé, e se deslocava com as figuras divinas, sagradas para diferentes espaços a eles destinados – exatamente como se supõe ter acontecido na paixão de Cristo – andando, sofrendo, ‘morrendo’, glorificando-se e ‘ressucitando-se’ com a sacra representação.” (p. 180)

“Mas o ‘palco italiano’, como hoje é conhecido não tardaria a aparecer: Sua estrutura já vinha se esboçando através da disposição da confrontação, mas só se consolida na era barroca.” (p. 184)

"A manifestação da platéia formada pelos não nobres, muitas vezes deveria estar de acordo com a reação dos nobres. Se o rei risse em alto e bom tom de alguma ação mostrada em cena, o público estava autorizado, ou talvez até ‘obrigado’ a fazê-lo também. Caso contrário se poderia incorrer em gafes e ferir certos princípios, certas regras de comportamento ofensiva.” (p. 185)

"Esta distância entre palco e platéia, que era comum em outras construções da época, foi apelidada por alguns historiadores de ‘terra de ninguém’. O apelido se refere também à disputa quase bélica travada entre os espectadores no momento de escolha dos assentos.” (p.185)

“No período rococó, os teatros, além de contarem com a ação dos pintores da época – seguindo a tendência decorativa do período barroco, porém amenizada – outras importantes modificações são verificadas, com o desenvolvimento de teatros em forma de ferradura ou de sinos, e a consolidação da aproximação entre palco/platéia que algumas construções do período barroco já haviam esboçado. Além disso, a construção de teatros com menor capacidade de público imprime uma atmosfera mais intimista e, em alguns teatros particularmente, se restabelece a proximidade entre palco e platéia, outrora praticada.” (p.185)

"A reaproximação do público com o palco, no projeto de Fchs, se dava através do proscênio anfiteatral. Além disso, o palco foi dividido em três partes: um alto e largo proscênio, um palco principal, também alto e um palco de fundo." (p. 187)

“[...] os projetos arquitetônicos revelavam um espírito exatamente inquieto e a vontade de ‘reanimar’ o espectador.” (p. 188)


“Hoje são inumeráveis os locais onde se apresentam as diferentes encenações e conseqüentemente, os diferentes modos de recepção: na rua em circos, fachadas, janelas, ruínas, quartos, montanhas, cemitérios, rios, praias, fábricas abandonadas, num vagão de trem, num bar, hospitais, ou seja, não existe de antemão um lugar onde o teatro não possa ser encenado. Assim, como destaca Fischer-Lichte, ‘do espectador contemporâneo exige-se não somente sua atividade como também sua criatividade’.” (p.189)

Impressões

O autor realiza uma abordagem histórica enfocando as disposições ocorridas nos espaços físicos de encenação. Analisa também a influencia destas modificações na maneira como a platéia apreende e se comporta diante de um espetáculo. Mostrando que esta relação palco/platéia apresenta nuances no decorrer da história que vão do distanciamento inicial até uma maior proximidade, como as encenações itinerantes, que iniciaram na Idade Média e se fazem presente até os dias atuais.

Atmosfera e recepção numa experiência com o teatro na Alemanha.

Autor: Luiz Claudio Cajaiba Soares.

“Tratar de recepção de teatro remete às origens deste fenômeno, localizadas pelas referências históricas na Grécia, especificamente na noção de catarse identificada na obra de Aristóteles”

 “Ao drama, mais que outra coisa, importa a possibilidade de operar metáforas, importa envolver o espectador em uma determinada atmosfera.”

“Essas três formulações prevêem um lugar para o receptor, que o privilegia. A partir da asserção de Barros, pode-se inferir que entre estas “coisas” está o teatro, que às vezes tem sido vítima de discursos razoáveis, para não dizer viciados.”

“Para que as coisas e o teatro deixem de ser vistas por pessoas razoáveis é preciso que o discurso sobre eles também deixe de ser ‘razoável’. É preciso que a recepção seja vista como livre das amarras impostas pelo romantismo, que pressupõe o artista genial e o receptor ignaro.”

“A cada dia, as diferentes atmosferas iam se sucedendo, sendo vivenciadas a cada drama/espetáculo/performance, enfim a cada evento apresentado.”

“Antes do boom promovido pela teoria da recepção, contudo, as questões concernentes à relação obra/espectador já integravam as reflexões da hermenêutica filosófica e da filosofia estética, em seus 400 anos de percurso (se considerarmos Baumgarten como o fundador, como apontam algumas obras de história da estética).”

“‘[...] Assim, tem-se a impressão que através do termo atmosfera, algo impreciso, de difícil expressão, pode ser descrito, o que revela apenas a sublimação, uma certa incapacidade em se descrever, de fato, aquilo que se experimenta, aquilo que se apresenta. (Böhme, 1995, p.21). Böhme refere-se, com esta descrição inicial, a certo hermetismo que os discursos sobre a arte tendem a adquirir. No lugar de promoverem uma aproximação do interlocutor ao fenômeno, à experiência vivida, acabam por afastá-lo. Ele acentua ainda que a palavra atmosfera, em contextos sobre a experiência estética, se aproximaria dos discursos políticos, quando se enfatiza, por exemplo, que o passo mais importante – e só assim as melhorias podem acontecer – é a mudança dessa atmosfera: precisamos mudar isso e aquilo, para que ocorra isso e aquilo.”

“Mesmo partindo-se do pressuposto de que ‘toda atmosfera é imprecisa em relação ao seu status ontológico’. Isso significa dizer que mesmo essa descrição conterá ainda a imprecisão e que uma descrição, onde estão implicados sujeitos e objetos, sempre parecerá nebulosa e carente de uma complementação pelo sentir. Por isso clama por um redimensionamento, por uma rearticulação do uso do termo atmosfera e propõe que o ‘conceito de atmosfera enquanto conceito de Estética deve unir os diferentes usos do cotidiano aos seus diferentes caracteres’

“A atmosfera proposta pelo dramaturgo, assimilada de forma contundente pelo encenador no programa do espetáculo: ‘Perceba simplesmente que tipo de ação política, emocional ou filosófica a peça exerce sobre você. A peça significa para cada expectador uma coisa diferente’.”

“Lembrei-me, então, de outro filósofo alemão, Hans Georg Gadamer, que diz que a experiência com a arte é o lugar mais confortável do homem no mundo, por proporcionar uma clivagem, um desligamento de si, uma entrega ao outro. E constato que ele tinha razão.”

“Quero ressaltar, por fim, que o desencadeamento destas constatações não são privilégio do teatro alemão ou do teatro ali exibido, como em algum momento possa ter parecido.”

Impressões...

A leitura do texto remete o termo “atmosfera”, a sensação que o espectador experimenta ao apreciar uma obra.  Embora existam espetáculos com atmosferas que se identifiquem não há de um espetáculo para outro atmosferas idênticas. O autor demonstra que, a atmosfera de uma encenação se relaciona diretamente ao entendimento que o espectador adquire ao assisti-lo. No que se refere ao termo “aura”, embora de difícil compreensão por significar literalmente uma coisa abstrata, entendo no diálogo com o autor que, a aura se instala em um espetáculo juntamente com a atmosfera. Pode ser definida pelas emoções trazidas pela atmosfera.

Nenhum comentário: