Faz de conta
Num
quintal três meninos brincam de espaçonave e astronauta eles usam jornais e
barbantes para se vestirem. Usam uma
caixa grande de papelão para ser a espaçonave.
Três
colegas
Gabriel - Lucas você trouxe o barbante?
Lucas
– Hoje é o meu dia de trazer o jornal. Eu trouxe um monte pra ficar guardado no
nosso esconderijo. Está aqui. Você que ficou de trazer o barbante.
Gabriel
– Eu não sabia que era minha vez, também em minha casa não tem, por isso não
trouxe. Então vamos brincar de outra coisa...
Vamos bater um baba.
Rodrigo
- Ei, meninos, eu trouxe o barbante que minha irmã estava juntando pra fazer os
cabelos da boneca de papel que ela aprendeu num curso de reciclagem. Tem um
monte, dá pra usar e guardar pra próxima vez.
Lucas
– Ela não vai se zangar com você? Ai, ai... Se fosse a minha irmã fazia logo
queixa pro meu pai, e ele me colocava de castigo. Já to até vendo meu pai
bradando... Uma semana sem computador.
Rodrigo
– Relaxe! Não peguei todo, foi só uma
parte e depois, meu pai sempre fica do meu lado, inclusive quando minha mãe me
manda fazer as coisas em casa e fico com preguiça, ai meu pai fala... Deixa que
depois ele faça agora ele tá fazendo algo que mandei. E qualquer coisa também eu
digo que não fui eu.
Gabriel
– Então vamos começar logo que eu não tenho a mesma sorte que você, na minha
casa meus pais dividem as nossas tarefas e quando eles chegam se encontram alguma
coisa fora do lugar não nos deixa assistir e nem brincar, hoje eu estava com
preguiça e deixei pra depois, mas tem que ser antes dos meus pais chegarem.
Começam
a se arrumarem. Falam que conseguem avistar os planetas e que a temperatura da
terra está fria, enfim criam uma dialogo.
Rodrigo
– Quando crescer eu quero ser astronauta, pra passear no espaço e pisar na lua
igual aquele moço o Neil Armstrong.
Lucas
– Você já vive no mundo da lua. Vamos pra nossa espaçonave.
Todos
na caixa.
Gabriel-
Estamos a 400 milhões de distancia da terra. Aterrissando na lua. Preparar para
levitar.
Rodrigo-
Daqui percebemos que a lua é realmente ¼ do
tamanho da terra.
Lucas
– Somos da NASA e temos que fixar nossa bandeira pra que nossos amigos extraterrestre saibam que viemos aqui, mas,
que hoje não poderemos esperar pelo lanche
por que o Rodrigo ainda vai fazer as tarefas.
Gabriel-
Tá bom, mas vamos deixar um bilhete e pedi pra eles deixar a maré bem maneira
no domingo que meu pai vai folgar a eu vou a praia com minha família.
Lucas
- E o que o extraterrestre tem a ver com a praia?
Rodrigo
- São eles quem dirige a lua e ela é responsável pela mudança da maré?
Lucas
– Agora que entendi, então quando meu pai estiver folgando também venho aqui
também pedir pra a onda ficar maneira.
Ouve-se
a voz da irmã de Rodrigo. ( Se desarrumam
rapidamente)
Vanessa
- Rodrigoooooooooooooooooooooooooooooo ou Rodrigo, minha mãe ta chamando pra
você varrer a casa e pra comprar o pão.
Rodrigo
- Diz que não estou aqui, minha mãe ainda não chegou. Ela quer que eu varra a casa. Hoje é meu dia,
mas eu vou esperar meu pai chegar e dizer que eu tava estudando na casa de um
colega. Ai fica pra amanhã e amanha é dia dela. Vou me esconder aqui.
Eles
se vão e chega o Saci. O Saci acorda ele e mostra o saco de gudes.
Rodrigo
- Quem é você? O que esta fazendo com meus gudes nas mãos?
Saci
– Eu sou o Saci Pererê. Esses gudes
agora são meus, eu achei naquela escada ali. kkkkk. Quem acha é dono. Achado
não é roubado.
Rodrigo
- Mas quando você encontra o dono tem a obrigação de devolver. Sua mãe não te
ensinou isso não.
Saci
- Te entrego se você me pegar... kkkk.
O
Saci corre e o Rodrigo vai atrás, mas o Saci some e aparece. (São vários Sacis,
inclusive esse curto diálogo é dividido entre eles). E Rodrigo continua seguindo atrás.
(Rodrigo
encontra dois capoeiristas e observa como luta bem, daí bola um plano) Ei vocês
viram o Saci por aqui? Ele marcou um encontro comigo e disse que deixaria uma
encomenda pra mim com vocês e que vocês são fracos e morrem de medo dele e
que... Que música é essa?
(Toca
uma música toda vez que alguém fala uma mentira por causa do Saci que mente
muito, mas Rodrigo não sabe).Capoeiristas (falando em corro) - Ou você está
mentindo ou não conhece a historia do Saci.
Não sabe que ele é moleque e brincalhão? Pois ele foi em direção da
terra do faz de conta.
Rodrigo
- Terra do faz de Conta! Parece até contos do senhor Monteiro Lobato. Vocês
podem me informar como chego lá. É que o Saci pegou as minhas gudes importadas
e preciso recuperar.
Capoeiristas
- Nós somos os guardiões do portão, se você passar pelas três etapas lhes
daremos o mapa e assim você poderá recupera-las. Fora isso, será difícil você
encontrar o Saci lá dentro.
Rodrigo
- Três etapas? Como assim? O que eu tenho que fazer?
Capoeiristas-
Você precisa ser valente, esperto e humilde para enfrentar os desafios. Entendido?
Vencido essas etapas você conquistará sua imagem, e essa imagem será a senha
pra pegar seus gudes de volta. Você tem o tempo dos sonhos. E quando ouvir uma
música é por que fez algo errado e as suas chances começam a diminuir. Certo?
Rodrigo
- Hum, mas isso é muita coisa. Será que
eu não poderia ir chamar os meus amigos pra me ajudar não?
Capoeirista
- Não. Se você quiser recuperar seus gudes terá que passar pelas provas
sozinho. E mostrar que é capaz.
Rodrigo
– Não tem outro jeito mesmo. Então tá, eu vou fazer tudo.
Capoeirista
- Então siga na direção do portão amarelo, depois do azul e depois do vermelho.
(Ele
corre em circulo e encontra o portão amarelo. Este é formado por três colegas vestidos
de amarelo). Na porta depois que adentra ele encontra um artista pintando um
quadro.
Rodrigo-
O senhor é um pintor de verdade? Hum, bem que poderia fazer minha imagem?
Preciso muito ter uma imagem pra recuperar meus gudes, ela será a tal da senha.
Pintor
- Sim, claro. Você já cumpriu suas tarefas?
Rodrigo-
Acabei de chegar aqui e não conheço nada, sabe estou meio perdido, mas, como
encontrei o senhor primeiro, poderia ser mais fácil começar pelo final. E
depois, quem sabe outro dia eu voltasse pra cumprir as outras tarefas? E se o senhor me ajudar te dou meia dúzia de
gudes. Que tal?
Pintor
- Não tenho interesse. Aqui existe um conselho que cuida pela preservação da
comunidade, sou um dos guardiões da terra do faz de conta e para que possamos
preserva-la precisamos exigir o cumprimento das tarefas, respeitando as
diferenças, com respeito e obediência, para que todos possam ter segurança. As
tarefas são as moedas de preservação. Agora
vá que seu tempo é curto... E boa sorte. (mostra uma ampulheta).
Rodrigo
– Tá bom eu volto logo. Dá uma volta em ziguezague. (Acontece uma cena só
palhaços, vários). Depois ele encontra dois palhaços em cima de um tamanco de
latas. Um ensinando um truque pro outro.
Palhaço
1 - Olha vou te ensinar um truque fantástico. Senta aqui. Vou ali quando eu
voltar você diz, abelhinha, abelhinha, bota meu na minha boquinha.
Zummmmmmmmmm, zummmmmmmmmmm, zummmmmmmmmm
Palhaço
2 - Abelhinha, abelhinha bota mel na minha boquinha! (o um dá um banho nos
dois). Olha o que você fez comigo, seu patife. Agora senta aqui que é minha vez
de fazer com você.
Palhaço
1 - Não rapaz, é uma brincadeira muito legal, mas agora você tem que fazer com
outra pessoa. Olha vem alguém ai... Ei você ai, venha aqui que vou te ensinar
um truque fantástico.
Rodrigo
- Agora não posso, não tenho tempo. Preciso recuperar meus gudes que o Saci
pegou.
Palhaço
1 - Sente aqui, vamos brincar e depois vou te levar na casa do maior coreografo
de todos os tempos. O Saci frequenta a casa dele, gosta das danças. Ele vai te
ajudar. (Rodrigo senta).
Palhaço
1- Olha vou ali e quando eu voltar você diz abelhinha, abelhinha bota mel na
minha boquinha. (zummmmmmmmmmmmmmm, zummmmmmmmmmm)
E Rodrigo
não diz, ele volta e repete o que o menino precisa dizer. E novamente o menino
diz que não gosta de mel, mas o palhaço 1 insiste. Até que o menino sem que ele
perceba enche a boca de água e dá um banho nele.
Eles
saem correndo e param na casa de Seu Juquinha. Aqui mora o maior coreografo de
todos os tempos.
Encontra
o portão azul é a Casa de Seu Juquinha.
É
recepcionado por um menino e um boneco manipulado por linhas vestidos da mesma
forma.
Rodrigo
– Olá aqui é a casa do seu Juquinha?
Menino
– Sim, pode entrar.
Encontra
três meninas e dois meninos brincando de roda com um senhor.
Rodrigo
– O senhor é seu Juquinha? Estou precisando encontrar o Saci. Soube que ele
sempre vem aqui.
Seu
Juquinha – Venha. Já estamos na segunda rodada da minha mais famosa
coreografia.
Rodrigo
– Mas isso não é brincadeira de meninas? (Toca a musica) Seu Juquinha - Aqui
não existe preconceito, somos todos iguais.
Todos
cantam ”quem quiser aprender a dançar vá à casa de Seu Juquinha, quem quiser
aprender a dançar vai na casa de Seu
Juquinha. Ele dança, ele pula, ele faz requebradinha.
Rodrigo
– Aqui é tudo muito divertido... Mas não posso ficar aqui brincando, preciso
encontrar o Saci, ele pegou meus gudes e fugiu.
Soube que ele sempre vem aqui. O senhor precisa me ajudar a encontrar
ele.
Seu
Juquinha- Sim, posso te ajudar, mas primeiro você vai cumprir suas tarefas.
Rodrigo
- Eu não estou entendendo nada. O que eu tenho que fazer?
Seu
Juquinha – Vai levar uma encomenda para vovó Nininha e vai varrer a casa dela.
Rodrigo
– Eu? Ah, essa não, fugir para não varrer a minha casa e o senhor quer que eu
varra a casa dos outros. (Ouve a musica e muda de ideia) Ah, tá bom seu
Juquinha, varro sim. Mas a questão é que se eu ficar aqui fazendo coisas pode
não dar tempo consegui encontrar o Saci. Será que o senhor não entende que vai
me atrasar?
Seu
Juquinha - A presa é inimiga da perfeição. Aguarde que tudo tem sua hora.
(Ele
vai entregar uma cesta para a vovó Nininha e avista o pintor que lhe acena e do
outro lado e lhe mostra a ampulheta. Ele avista o Saci, então corre atrás dele
e quando pensa que vai pegar, novamente aparece vários e ele cai, os Sacis riem
dele e quando levanta percebe que os Sacis sumiram então ele avista a casa da
vovó Nininha, esta e seu neto são bonecos de luva).
Rodrigo
começa a varrer todo sem jeito, de repente ele escuta a vovó contando pro seu netinho.
No
fundo do mar existia uma linda princesa por nome Eloisa, que era uma bela
Sereia dona de uma linda voz e quando cantava encantava todos os moradores
daquelas águas. Todos se juntavam para prestigiar a bela canção. Parecia mesmo
que tudo entrava em harmonia. Mas ela era muito invejada pela bruxa Eliana que
queria aquela voz para ela e para isso bolou vários planos para sequestra-la,
mas, sempre se via obrigada a desistir porque a Sereia vivia arrodeada por
amigos aquáticos, a baleia bailarina, o peixinho comilão, o camarão atleta, a
arraia bagunceira. Esses não desgrudavam dela. Até que um dia a princesa
apostando quem chegava primeiro, se distanciou dos amiguinhos e assim chegou a
grande oportunidade que a bruxa Eliana a
muito tempo esperava... A bruxa de posse de uma gaiola e uma enfeitiçadas,
entra num duelo com a Sereia, que começa a perder as forças, até que aparece
....
(Aparece do outro lado uma sereia e rola uma
cena e ao redor dela vários atores embaixo de um pano enorme que será o mar
fazendo ondulação no tecido. Tem a bruxa os soldados da bruxa que são peixes,
enfim uma história. Provavelmente essa cena será teatro de sombras)
Ela
consente, chamando-o para sentar do seu lado e ele ouve encantado. Ele entra na
história como fosse um peixe e liberta a sereia. Quando acaba ela convida ele para
o lanche da tarde. Duas meninas sentadas no chão brincando de
casinha chamam para o lanche e puxam
cadeiras para a vovó Nininha para o neto e para Rodrigo. (é uma cena rápida e
eles não vem saem de cena)
Rodrigo
atravessa uma escuridão rodeada por vaga lumes até que encontra novamente o
pintor e os capoeiristas que lhe dão a imagem.
Capoeiristas
- Rodrigo, você conseguiu vencer as etapas, se mostrando esperto na brincadeira
com os palhaços, valente quando salvou a Sereia e humilde quando orientado por seu Juquinha cumpriu com
as tarefas na casa de Vovó Nininha, então lhes entregamos a imagem para que
você possa assim recuperar seus gudes. Siga para o portão vermelho. (Ali ele
coloca a imagem e o portão se abre)
Todos
os portões tem o mesmo formato, colegas vestido com roupas das cores dos
portões e fazem um mesmo som.
Quando entra, ele avista um monte de
personagens diferentes. Não acredita no que esta vendo, se admira olhando um
por um. A Vovó e o Netinho, Os Gêmeos, Emilia, Branca de Neve, Bruxa, Fada,
Sereia, enfim, todos que fizeram parte da história, inclusive os peixinhos do
fundo do mar, seu Juquinha e os palhaços. De repente lá está os vários Sacis
conversando com um Preto Velho que segura o saco de gudes. Ele se aproxima dá a
benção ao Preto Velho e quando vai pegar os gudes, os Sacis tomam e jogam de um
para o outro fazendo ele de bobinho, de repente ele percebe que os sacis são
Gabriel e Lucas e a Irmã. Assusta-se. Acorda
com a irmã do lado.
Vanessa
- Rodrigo aqui está o seu gude que você esqueceu na escola, agora pode ir
comprar o pão que já tá no horário da minha mãe chegar e você nem varreu a casa
ainda.
Rodrigo
–(Arrebatando os gudes das mãos da irmã) Meus gudes !... Poxa vida, tudo não
passou de um sonho? ...É, aprendi. Claro maninha pode deixar comigo, vou
varrer, hoje, amanhã e depois de amanhã também. Daqui pra frente tudo vai ser diferente.
Vanessa
– O que houve com você? (Bota a mão na testa como se quisesse saber se ele está
com febre). Pra querer fazer as obrigações assim só mesmo estando doente! Logo
você preguiçoso e encostado. Ai, ai e olha que hoje nem é primeiro de abril.
Rodrigo
– É que eu andei pensando, acho que o mundo fica mais legal assim. Cada qual
fazendo a sua parte. Sabe aquela música “ado, a ado cada qual no seu quadrado
(Cantam todos que participaram da
história)
Fim.
Thelma Gualberto (Atriz,
Iluminadora e Arte Educadora, DRT 3424).
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