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terça-feira, 24 de julho de 2012

FICHAMENTO


BOLSISTA: CÁSSIA BATISTA DOMINGOS

DESGRANGES, Flávio. A pedagogia do espectador. São Paulo: Hucitec, 2003. 185 p.

“(...) como promover de fato a atuação do espectador na evolução e nas transformações da arte teatral? Como tornar efetiva a sua participação no evento? Como levá-lo à sala de espetáculo? Como despertar seu interesse em frequentá-la?” p. 28

“O despertar do interesse do espectador não pode acontecer sem a implementação de medidas e procedimentos que tornem viável seu acesso ao teatro. Na verdade, duplo acesso:  físico e linguístico. Ou seja, tanto a possibilidade de o indivíduo frequentar espetáculos quanto sua aptidão para a leitura de obras teatrais.” p. 29

“O prazer de assistir a espetáculos teatrais advém justamente do domínio da linguagem, que amplia o interesse pelo teatro à proporção que possibilita uma compreensão mais aguda, uma percepção cada vez mais apurada das encenações.” p. 33

“Brecht sonhava com uma plateia constituída de iniciados, espectadores aptos a avaliar propostas trazidas à cena, prontos a elaborar um juízo a cerca dos significados presentes nos elementos cênicos.” P. 35

“Desde os anos 1960 até meados de 1970, artistas e educadores, movidos pela ideia de democratização cultural, estruturam variadas práticas à ampliação cultural e geográfica do público de teatro, quanto à difusão da experiência artística em geral.” P. 45

“(...) as companhias que produziam teatro para crianças acreditavam que, ao formarem espectadores infantis, estariam preparando espectadores do futuro.” P. 48

“A partir de meados dos anos 1980, essas práticas teatrais de que vínhamos tratando ganham novo contexto global (...) Mais do que nunca as companhias de teatro se orientam para o lucro.” P. 62

“No decorrer dos anos 1990, a noção de animação teatral vai sendo substituída, nas experiências pioneiras realizadas na França e na Bélgica, pelo conceito de mediação teatral, mais abrangente e que engloba, também, as próprias atividades de animação que eram aplicadas em anos anteriores. (...) É considerado procedimento de mediação toda e qualquer ação que se interponha, situando-se no espaço existente entre o palco e a plateia, buscando possibilitar ou qualificar o espectador com a obra teatral, tais como: divulgação (ocupação de espaços na mídia, propagandas, resenhas, críticas); difusão e promoção (vendas, festivais, concursos); produção (leis de incentivo, apoios, patrocínios); atividades pedagógicas de formação; entre tantas outras.” P. 65-66

“A prática continuada de teatro por crianças e jovens, aliada à frequentação aos espetáculos, cria uma via de mão dupla que favorece a compreensão do fenômeno teatral.” P. 72

“O jogador exerce também  nesses exercícios dramáticos a função de espectador, ao observar as improvisações de outros grupos enquanto espera para apresentar a sua, ou após tê-la apresentado.” P. 73

“O épico é o gênero literário em que a história é contada tanto por um narrador, em sua descrição dos acontecimentos, quanto pelos personagens, em diálogos que interrompem a narrativa.” P. 95

“Assim, o espectador do teatro épico passa de uma cena a outra, mantendo-se distante do fato apresentado, analisando seus aspectos e construindo sua compreensão da história narrada.” P. 97

“Ao se deparar com o caráter histórico e os aspectos sociais dos acontecimentos e ao perceber as dificuldades do protagonistas de enxergar estes mecanismos sociais que induzem suas atitudes, o espectador questiona-se a respeito da sua existência cotidiana e de como ele próprio se relaciona com estas forças invisíveis, tomando consciência da própria alienação.” P. 99-100

“O acontecimento artístico completa-se  quando o contemplador elabora sua compreensão da obra. A totalidade do fato artístico, portanto, inclui a criação do contemplador; na relação entre os três elementos – autor, contemplador e obra -, reside o evento estético.” P. 122

“As investigações acerca da formação de espectadores para o teatro estão em pleno curso. Embora algumas respostas tenham sido encontradas, outras questões surgiram, de modo que o debate continua.” P. 171

“Na sociedade espetacularizada em que, em que o show da realidade, por vezes, substitui a própria realidade, o olhar aguçado aliado ao senso crítico apurado procura estabelecer novas relações com a vida social e com diferentes manifestações espetaculares que buscam retratá-la.” P. 177

COMENTÁRIO:

O cuidado em instrumentalizar o espectador de teatro para uma recepção significativa da obra torna-se cada vez mais uma necessidade nos dias atuais.   Pelo próprio histórico de alienação política e social de muitas sociedades, não é mais admissível que o acesso físico ao teatro ainda seja uma dificuldade e, muito menos, que uma grande parcela da população não se sinta preparada para apreciar criticamente um espetáculo teatral.

Nós, membros da sociedade, ainda precisamos das estratégias de mediação cultural que nos ofereçam meios de acesso físico e simbólico à obra teatral. E para sempre precisaremos de tais estratégias, visto que as crianças das próximas gerações continuarão sendo iniciadas enquanto espectadoras.

A perspectiva é de valorizar os investimentos na educação estética e no desenvolvimento do senso crítico dessas novas gerações de cidadãos e espectadores. Afinal, arte e educação precisam caminhar juntas em prol da formação das pessoas e dos mecanismos sociais produzidos por elas. 

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