Fichamento: A escola no Teatro e o Teatro na escola
Fichamento
do livro A escola no Teatro e o Teatro
na escola de Beatriz Taís Ferreira, publicado em Porto Alegre, pela editora
Mediação, no ano de 2006.
“Este
livro fala de teatro. Este livro fala de crianças. Este livro deixa as crianças
falarem de teatro. De teatro, de televisão, de cinema, de circo, de
brincadeiras, de diferentes linguagens...”. (pag. 7).
Este pequeno trecho revela de forma
poética do que se tratará os trechos a seguir.
“Assim,
o que aqui apresento em formato de texto é o meu olhar reflexivo (de
professora/atriz) sobre as experiências de um grupo de crianças espectadoras
como um espetáculo de teatro infantil (e com a linguagem teatral em maior
amplitude).”. (pag. 7).
A autora deixa claro que sua ideia é
apresentar o que por ela foi visto, analisado, seu trabalho nada mais é que um
relato de experiências.
“[...]
– penso que o teatro não precisa ser educativo para educa. Teatro é educação, é
“pedagogia cultural” que veicula sentidos e discursos, que exercita,
primordialmente, a imaginação, tanto em atores e diretores quanto nos
espectadores, em todos que lançam seus esforços para a realização do fazer
teatral. [...].”. (pag. 15).
Neste trecho a autora desenvolve um
conceito interessante, a que ponto o teatro precisa ser educativo? E o que
seria educativo dentro de um teatro? Acreditando no além dos palcos a autora
discorre a aprendizagem que o teatro desenvolve em seu sentido mais amplo.
“[...].
Não só o teatro é produto cultural presente nas escolas: o cinema, a música, os
quadrinhos e a literatura também são considerados ricos “instrumentos” para o
ensino na contemporaneidade.”. (pag. 17).
A autora evidencia neste ponto algo
importante, as linguagens artísticas presentes dentro da escola, nos fazendo
refletir perante a necessidade de ligação entre elas.
“O
didatismo e o cunho comercial de grande parte das produções teatrais para
crianças estão intimamente ligados, sendo que o primeiro serve como legitimador
do segundo.”. (pag. 19).
O teatro infantil tem se tornado além de
extremamente didático, uma via de comercialização para escolas, creches,
festinhas, enfim as pessoas acreditam fielmente no cunho educacional do teatro.
Isso me faz refletir: Até que ponto isso é ruim?
“O
teatro para crianças, que nos anos 50 e 60 do século XX era essencialmente
feito por grupos amadores e domésticos, começa a se profissionalizar a partir
de 1970 (Pupo, 1991), [...].”. (pag. 21).
Este trecho reflete o anterior, porém
trata-se de um momento importante na história do teatro para crianças.
“Ao
longo de alguns verbetes de seu “Dicionário de Teatro”, Pavis (1999) situa o
espectador em um espaço de ação e define recepção teatral como atitude e
atividade do espectador diante do espetáculo; maneira pela qual ele usa os
materiais fornecidos pela cena para fazer deles uma experiência estética
(Pavis, 1999, p. 329). [...].”. (pag. 33).
Neste trecho a autora cita Pavis para
situar a posição do espectador e definir de forma clara o que seria recepção
teatral.
“[...]?
Na completa impossibilidade de tentar demonstrar a relação das crianças com o
teatro para elas realizado abrangendo uma grande variabilidade de
“situações/construções de infância, optei por trabalhar em um contexto
especifico de recepção: a escola.”. (pag. 42).
Neste trecho a autora explica o porquê
da escolha pelo ambiente escolar.
“Com
o objetivo de refletir e discutir acerca das experiências de um grupo de
crianças espectadoras com a linguagem teatral, ou o teatro “linguagem”, na
contemporaneidade – faço uso do conceito de “mediações”, para analisar os dados
registrados.”. (pag. 49).
A autora deixa claro o método utilizado
para analisar os dados que por ela são registrados.
“As
questões de gênero fizeram-se presentes em muitos dos jogos e conversas com as
crianças e entre elas próprias. [...].”. (pag. 54).
Acredito que este ponto seja sempre
complicado de se trabalhar em sala de aula, optei em marca-lo por ter grandes
dificuldades com estes aspectos; se as questões fossem partidas das crianças e
só precisem da minha opinião seria simples, mas estamos falando de crianças que
encontro uma vez por semana, que convivem numa sociedade, num meio cultural e
social que se diferem, e os certos de alguns são errados para outros. Como
desenvolver um trabalho prático, corporal, com crianças (principalmente
meninos) que não gostam de se tocar?
“[...].
No entanto, também é possível encaminhar algumas reflexões no sentido de se
perceber que como se vem salientando ao longo deste livro, a força e o cerne da
linguagem teatral residem no contato direto entre público e artistas, na
relação praticamente corporal, na sensoriedade que se estabelece no espaço
entre eles. [...].”. (pag. 89).
Neste ponto a autora evidencia um
aspecto importante que vem sendo colocado durante os escritos de seu livro.
“[...].
Devem o espetáculo e o teatro linguagem incitar o espectador, e o conjunto de
espectadores que denominamos público, a lançar-se no espaço efêmero e
desconhecido do “entre”. Tampouco assim teremos a certeza da experiência, que
pode ou não marcar com seus traços o processo de recepção.”. (pag. 90).
A participação do público completa o
espetáculo, e espera-se que o espetáculo faça o mesmo com o público, no nosso
caso com os alunos.
“Dessa
forma, trago a este espaço de reflexão a possibilidade das crianças construírem
– e serem constituídas por – processos de recepção híbridos. Entendo a recepção
à maneira de Orozco (1991), como processo complexo, conflituosos e contraditório,
que antecede e extrapola o momento efêmero do contato com o artefato.”. (pag.
118).
Em toda a sua obra a autora trás
conceitos relacionados a mediação, aborda autores que tratam da questão, e
neste trecho a mesma deixa evidente a maneira da qual entende a recepção.
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