Bolsista: Marco Calil
PROCESSOS DE CRIAÇÃO COMO PRÁTICA PEDAGÓGICA
Marcelo Gianini
“À arte não interessa mexer com as velocidades infinitas do caos, desacelerá-las. A arte emoldura o caos. Dentro de uma moldura, de uma formalização, a arte enquadra o caos mantendo sua aceleração infinita. Por isso podemos dizer que toda obra
de arte é uma potência absoluta, pois conserva nela o infinito.”
Comentário:
Interessante esse pensamento, pois também concordo que a arte conserva o infinito, porque uma obra de arte pode perdurar por anos e ser sempre lembrada, mesmo que tenha sido feita ou exposta em outro tempo, numa outra era, conservando ainda sim, a sua idéia e o seu propósito.
“Será que uma pessoa sem experiência em criação artística, isto é, um não artista pode ensinar arte? Parece-me difícil, pois se essa pessoa não tem a experiência da criação de fissuras, como ensiná-las, como provocá-las? Um professor não artista talvez não tenha a experiência em se lançar na zona de turbulência.”
Comentário:
Eu acredito que essa pessoa possa até conseguir ensinar arte, mas não com a mesma propriedade de alguém que teve o contato e vivenciou aquilo. Pois o maior aprendizado é aquele vivenciado, ou seja, alguém que quer ensinar algo que não vivenciou, não aprendeu de fato aquilo que está disposta a ensinar.
“Uma última questão: montar ou não um espetáculo teatral com alunos de iniciação
teatral? E, depois, apresentar ou não este espetáculo? Reavivaremos aqui a idéia de que o teatro se reduz, com a apresentação do espetáculo, a seu produto final? Reduziremos então, depois de todas as preocupações com a condução de um processo criativo, nosso teatro à apresentação? Ou abriremos mão dela, deixando de lado um dos elementos da tríade teatral, o público? Nos negaremos a este encontro? Renegaremos o diálogo? Ficaremos dentro de nossas fronteiras? Parece-me que em algum momento de um curso de iniciação teatral há que se formalizar a criação e apresentá-la. Convidar o público para participar. Fundamental também é não deixar
que o espetáculo seja o fim, objetivo final, o ponto de chegada, a resposta certa, o pensamento único.”
Comentário:
Essa parece uma questão que nunca irá acabar e que todos sempre iremos discutir se devemos ou não ter ao final do processo um produto e apresentá-lo. Mas eu vejo tudo isso bastante relativo, pois concordo com o autor dessa importância de se ter um produto ao final, mas é de como isso é feito e exigido que é a grande questão. Costumo dizer que tudo que nos é obrigado e imposto é mal feito e nesse caso isso se aplica, pois se você a obrigatoriedade de apresentar algo, de mostrar, talvez isso não seja tão bem feito, caso essa apresentação no final fosse feita de forma natural e espontânea. Portanto, acredito sim que é de suma importância a apresentação de um produto final, porque por mais que a arte seja sentida e experienciada, a arte também deve ser mostrada, para que quem a assiste possa sentir, experienciar e refletir junto com quem faz. E se tratando de alunos iniciantes, é se suma importância para o processo de cada um o se apresentar, o se mostrar.
De onde viemos para onde estamos indo: a demonstração prática como caminho
pedagógico teatral
Narciso Telles
“A organização da demonstração também exige do professor um planejamento de forma a explicitar com clareza todos os objetivos, apresentar um roteiro da demonstração para que o aluno tenha a compreensão de todas as etapas do processo de trabalho.”
Comentário:
É interessante fazer essa apresentação, pois além de deixar ciente ao aluno de como o professor pensa e deseja conduzir o processo, abre também espaço para que o aluno possa propor algo ou até mesmo dar sua opinião sobre tal planejamento, tornando o processo mais colaborativo e não impositivo.
“Contextualizar o conhecimento possibilita ao aluno: uma maior compreensão de toda a experiência vivida pelo artista-docente, de suas tensões e enfrentamentos diante deste elemento técnico, e re-configura uma relação que não estará baseada na estrutura autoritária de poder (FOUCAULT, 1996), que muitas vezes garante ao professor uma incomunicabilidade com seus alunos e o estabelecimento não de uma troca, mas de uma ordem no processo de ensino aprendizagem.”
Comentário:
Vejo que um dos pontos que fazem a nossa educação ser tão problemática é justamente essa relação entre professor e aluno. Esse distanciamento que ocorre entre ambos e isso de certa maneira influencia muito no processo de ensino aprendizagem. Eu sigo a teoria de que o professor pode e deve sim ser amigo do aluno, que ele pode ter uma relação que vá além do conteúdo da disciplina, que existe de fato essa troca de conhecimento entre os dois, mas que só depende de ambas as partes para que essa troca ocorra.
“O ‘contar a fonte’ significa explicitar aos participantes que o conhecimento trabalhado
se insere no trajeto de aprendizado do próprio artista-docente. Este modo de ensinar
explicitando as fontes possibilita ao aluno perceber que seu professor também se encontra num processo de formação contínua, sendo ‘um aprendiz com experiência’.”
Comentário:
Essa estratégia é bastante interessante, pois há uma relação de sinceridade e honestidade, revelando que o professor não é o dono da verdade e que ele não sabe tudo de todas as coisas, fazendo até com que o aluno tenha uma abertura maior de interação e de propor coisas.
DIÁLOGO ENTRE SABERES: a formação extra-curricular do professor de teatro
Ricardo Carvalho de Figueiredo
“O ensino superior, tal como o fundamental e médio, ainda carrega uma cultura escolar que desqualifica e pouco se importa com o educando, ou seja, com os saberes que esse ser social/político/cultural construiu até chegar à universidade.”
Comentário:
Concordo plenamente com o autor nesse aspecto, pois a forma com que os conteúdos das disciplinas são colocados para os alunos e a metodologia do professor tem uma grande parcela de culpa nisso, não está preocupado com o processo de ensino aprendizagem e sim como uma forma do aluno saber aquele determinado assunto, mas sem contextualizar e buscar formas de fazê-lo entender onde ele poderá aplicar aquilo que está sendo visto. Então, quando esse mesmo aluno chega na universidade, além de não utilizar metade do que foi obrigado a decorar e responder provas, se sente defasado naquilo que lhe será útil.
“É sabido que essa interface já ocorre, pois um sujeito quando entra para a escola não deixa na porta de fora suas outras instâncias de saberes, passando a ser apenas “aluno”. Ele traz consigo essa experiência adquirida “na rua” e a faz presente na escola, questionando os saberes apresentados.”
Comentário:
Esse talvez seja um outro grande abismo da nossa educação, pois o aluno é tratado como uma tábua rasa, não sendo valorizado aquilo que ele traz como vivência, experiência, pois esse conhecimento “da rua”, não é válido, não serve e por isso há esse enorme distanciamento entre os conteúdos que são vistos na escola com aquilo que lhe é vivenciado.
“Não há saber mais, nem saber menos, há saberes diferentes”. (FREIRE, 1987: p.68)
“Ninguém educa ninguém, ninguém educa a si mesmo; os homens educam-se entre si, mediados pelo mundo" (FREIRE, 1987: p.34).
Comentário:
Essas duas citações de Paulo Freire contidas no texto, revelam o quão é complexo o trabalho do educador, dessas nossas verdades, do que agente julga saber e ensinar.
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