Páginas

Para encontrar nossas fotos, relatórios, projetos, planos de aula e etc...

Pesquise aqui!

terça-feira, 15 de março de 2011

Fichamento 1 - Biange Cabral

CABRAL, Biange. O espaço da pedagogia na investigação da recepção do espetáculo. Revista Sala Preta, 2008, n° 8, ECA-USP, São Paulo.
Diversidade e pluralidade
“A complexidade da recepção teatral reside na polaridade entre sua dimensão coletiva (um grupo de pessoas assistindo a um espetáculo) e a singularidade das percepções individuais, uma vez que aqui se inter-relacionam distintas áreas do conhecimento: ética, psicologia, sociologia, filosofia (as mais comuns a qualquer processo/produto artístico)”.
“A questão é o que o aluno aprendeu e não se ele aprendeu o que o professor ensinou. Seguindo o mesmo princípio, no caso da formação do espectador, a pergunta seria ‘o que ele percebeu ou como ele leu a cena, e não se ele captou a intenção do autor’”.
“Professor e diretor são ambos mediadores, entre a produção e a recepção do espetáculo. Mas, para que haja mediação é necessário explicitar a concepção de ensino do trabalho a ser desenvolvido em parceria, o que implica considerar a dimensão estética e política do processo ou produto em foco”.
“O mesmo acontece com relação à recepção: para ler a cena, os espectadores precisam perceber o contexto e as circunstâncias em que ela ocorre. Além disso, há outra interferência na percepção e fruição artística – ambas dependem também do gosto e experiências pessoais. Assim sendo, a formação do espectador requer que sejam ouvidas as percepções individuais e evitadas as interpretações por parte tanto dos alunos quanto do professor”.
O impacto cultural e a investigação da recepção
“A investigação do impacto cultural causado pelo envolvimento com uma experiência teatral (quer como ator ou espectador), passou então a focalizar o uso de questionários como forma de apresentar ao espectador uma cartografia do campo investigado. Este procedimento amplia o campo de percepção do espectador, que identifica o que lhe foi mais significativo; o ponto de partida passa a ser o reconhecimento de percepções distintas, em vez da busca de um consenso em termos de interpretação (procedimento comum no contexto do ensino)”.
Implicações Pedagógicas
“Assim como o autor seleciona partes da realidade para incorporar no texto, o leitor seleciona partes do texto para priorizar na sua interpretação. O papel do professor,além de identificar um texto aberto para o trabalho em grupo, está também em dirigir a atenção dos participantes para estes vazios do texto (mesmo que ele resulte da criação coletiva do grupo)”.
“A atuação do professor no espaço de investigação da recepção teatral é assim caracterizada como mediação ao nível da configuração do horizonte de expectativas do aluno e da sua interpretação, uma vez que a identificação dos vazios do texto influenciará sua percepção”.
Comentário:
O artigo de Biange Cabral parte da idéia de uma investigação sobre a recepção teatral dentro do espaço pedagógico de modo que o professor é visto como diretor e ambos como mediadores da produção e recepção do espetáculo. Neste sentido, a autora propõe aos mediadores a tarefa de trabalhar a contraposição dos aspectos coletivos e individuais dos alunos/espectadores a partir do conceito de Hans-Robert Jauss de horizonte de expectativas e dos vazios do texto (gaps), que ampliam possibilidades de compreensão das funções de linguagem e o papel do leitor/espectador, e permitem examinar a recepção a partir do desejo e da visão de mundo do espectador, além de apontar para a apropriação do texto pelo leitor. De modo que a recepção e a interpretação sejam consideradas como processos baseados em valores estéticos e políticos.

Nenhum comentário: