Avaliação processual
da aprendizagem e regulação pedagógica no Brasil: implicações no
cotidiano docente.
“Como a escola no Brasil
é de tempo parcial e a remuneração do professor é baixa ele necessita manter
vínculos com outras instituições escolares para complementar a renda. Neste
sentido, a escola de tempo integral e o professor de dedicação exclusiva são
apontados como pré-requisitos para o desenvolvimento pleno de modelos
avaliativos processuais.” (p.13)
“Se a avaliação passa
de reguladora do processo cognitivo à simples constatadora de resultados,
impossibilita a docentes e discentes o direito de conhecer seguramente as
condições de aprendizagem presentes naquele contexto, bem como a capacidade de
alterar e transformar essas condições.” (p.14)
“Devido ao contexto
no qual estão inseridas, a avaliação formativa e a pedagogia diferenciada da
qual participa, chocam-se com obstáculos materiais e institucionais numerosos:
o efetivo das turmas, a sobrecarga dos programas e a concepção dos meios de
ensino e das didáticas, que quase não privilegiam a diferenciação.” (p.16)
“Compreender que a
avaliação segue etapas que respeitam o desenvolvimento intelectual dos
educandos é o primeiro passo para torná-la uma ação essencialmente reguladora e
transformadora do sujeito avaliado.” (p.17)
“Não se avalia para atribuir nota,
conceito ou menção, como se faz atualmente no Brasil. Deve-se avaliar para
promover a aprendizagem do aluno.”
“Independentemente do
sistema público ou privado ela está moldada para possibilitar a padronização de
resultados e comportamentos considerados adequados para o formato de sociedade
em que as instituições escolares estão inseridas.” (p.21)
“[...] ao invés de usar a avaliação
apenas como uma maneira de classificar, aprovar ou reprovar os alunos, esta
deve ser usada para informar o aluno sobre a sua capacidade e informar o
professor sobre o quanto está sendo aprendido.” (p.23)
“Aqui não tem semana
de avaliação, onde a criança é avaliada só naquele momento. Nossa avaliação é
diária, todos os dias, ainda mais porque é uma escola onde não se avaliam só
conteúdos, que avalia também atitudes, os relacionamentos, como se convive,
como se respeita o outro, em todos os momentos estamos avaliando isso.” (p.28)
Comentário:
O
texto aborda uma temática bastante complexa, que é a avaliação. Pode parecer
simples ao primeiro momento quando se ouve falar de avaliação, pois infelizmente,
muitos professores ainda tem a ideia de que avaliar é aplicar a prova e dar uma
nota, a partir do que o aluno acertou ou errou em relação as questões e aos
conteúdos da prova. Mas a avaliação que é tratada no texto vai justamente de
encontro a esse modelo de avaliação que é aplicado nas nossas escolas tanto de
ensino público quanto privado. O autor questiona e problematiza nosso atual
modelo de avaliação, apresentando uma proposta inovadora de avaliar, que é a
avaliação processual ou emancipadora. Esse tipo de avaliação prevê uma prática
mais dialógica e mediadora da avaliação que o professor faz sobre seu aluno, no
diagnostico dos eventuais problemas durante o percurso da aprendizagem, podendo
assim buscar possíveis caminhos e soluções para um melhor processo de
ensino/aprendizagem. Ao meu ver esse tipo de avaliação se caracteriza de uma
forma muito mais democrática e eficaz no processo educacional, pois ela abandona
a ideia classificatória da avaliação, o que engloba um processo de decoração de
conteúdos e reprodução dos mesmos, trazendo uma prática diária de avaliar não
só o aprendizado referentes aos conteúdos programáticos, mas as relações entre
todos os envolvidos como alunos, professores, pais, escola etc. Apesar de se
constituir como um modelo bastante inovador e revolucionário no ato de avaliar,
essa proposta esbarra em alguns problemas que o nosso sistema de ensino
enfrenta. Esses problemas estão atrelados à falta de estrutura das escolas, a
quantidade de alunos por turma, ao baixo salário do professor, que
consequentemente o faz ter que trabalhar em diversas escolas, não tendo assim o
professor de dedicação exclusiva, a prestação de contas dos resultados por
parte das instituições para o MEC, que é feito no formato de notas e/ou
conceitos etc. Dessa forma, praticar a avaliação processual se torna uma tarefa
árdua, mas não impossível. Como o próprio texto trouxe, existem escolas que praticam
ou que buscam outro formato de avaliação e para isso foi necessário toda uma
mudança de pensamento, que começou a partir do Plano Pedagógico, perpassando
pela postura dos professores e alunos com relação ao processo de avaliação. Então, a avaliação processual ou emancipadora
é sem dúvidas uma metodologia essencial e importante na qualificação do ensino
nas escolas brasileiras, pois além de informar, dialogar e refletir o processo
de aprendizagem do aluno, existe uma construção mútua entre educador e
educando.
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