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quarta-feira, 11 de julho de 2012

Pedagogia do Espectador de Flávio Desgranges


Fichamento do livro Pedagogia do Espectador de Flávio Desgranges, publicado em São Paulo, SP, pela editora Hucitec no ano de 2003.

“[...], se os teatros fossem fechados, não apenas uma porcentagem do público não tomaria conhecimento disso durante algumas semanas, como disse Grotowski, referindo-se ao público europeu, mas que também grande parcela da população brasileira provavelmente nunca se daria conta do ocorrido.”. (pag. 20).

O autor cita um exemplo de Grotowski para ratificar a situação posição do teatro na vida dos espectadores, ou melhor, o tipo de atenção que é dado pelos mesmos ao teatro.

“[...]. No inicio dos anos 1970, indica Rosenfeld, ao comentar os motivos apontados, então, por empresários e artistas para a falta de públicos nas salas, a concorrência da televisão merecia grande destaque, pois o teatro perdia não só espectadores, mas também atores que, seduzidos pela vantagem econômica por ela oferecida, não mais se interessavam pelas produções teatrais. [...]. (pag. 20).

Neste trecho o autor trás o exemplo de Rosenfeld, trazendo o motivo pelo qual o teatro veio a um possível declínio. A televisão atraia não só os espectadores, mas também os artistas que pensavam nas vantagens econômicas.

“[...], no decorrer desses anos, o teatro se tornou menos uma experiência artística para se compartilhar e mais um mercado a se conquistar, um produto a ser vendido para um espectador que se transformou em “consumidor – alvo”.” (pag. 24).

Acredito que Desgranges quis trazer a necessidade que os atores, produtores e artistas em geral possuem para sobreviver diante das dificuldades encontradas na contemporaneidade.

“Em nossas sociedades contemporâneas, sociedades espetacularizadas, de indivíduos viciados em linguagem da própria imagem, sociedade que vive sob monopólio da aparência, em que “só aquele que aparece é bom”. [...]?”. (pag. 25).

Os espectadores buscam e viciam-se em programações que eles se reconheçam, estando sempre colados em imagens artificiais, personificações, como belos homens e belas mulheres.

O teatro que a gente faz tem a necessidade de jogadores, estamos assim chamando os companheiros de jogo que são espectadores. Assim do lado da platéia também, precisamos de jogadores [...].” (Citação de Guénown, 1997, p.164 In. (pag. 27).

  Faz-se necessário a participação da platéia durante as apresentações teatrais, o dinamismo de uma platéia ativa, faz toda diferença para o artista que cria e mostra o seu trabalho em palco ou em sala.
“[...] Os espectadores, participantes interessados, precisam constituir parte atuante do processo. [...]?”. (pag. 28).

A platéia deve estar ativa durante as construções, o espectador precisa participar ativamente, conhecendo as escolhas feitas para as construções dos espetáculos teatrais. No caso da sala de aula, os alunos devem estar atentos as construções dos colegas, para amplitude e crescimentos dos seus atos artísticos, melhorando o seu nível de entendimento.

“[...]. A atuação do espectador não se efetiva sem o reconhecimento de sua presença. A voz desse outro integrante do dialogo situado na platéia só pode ser ouvida se a palavra lhe for aberta. [...].”. (pag. 28)
.
O artista deve estar atento a opinião da platéia, deve dar espaço para que a palavra dessa figura tenha importância no seu processo de construção.

“[...]. O prazer advém da experiência, o gosto pela fruição artística precisa ser estimulado, provocado, vivenciado, o que não se resume a uma questão de marketing.”. (pag. 29).

É necessário estimular a participação do espectador, mas não somente através de pacotes atrativos, ou mensagens indicando a sua importância, mas fazendo com os mesmos reflitam a importância daquele espetáculo, que esses estímulos sejam diversos e contínuos.

“Público participativo é aquele que, durante o ato da representação, exige que cada instante do espetáculo não seja gratuito, o que não significa que seja necessário, portanto, manifestar-se ou intervir diretamente para participar do evento. [...].”. (pag. 31).

O público que participa entende o que está acontecendo, e critica se a representação foi vazia ou gratuita.

[...]. A arte do espectador é um saber que conquista com trabalho. (pag. 32).

O espectador deve ser conquistado aos poucos através de atrativos durante os espetáculos, tornando o mesmo um ser critico e participativo.

[...], a impossibilidade (não apenas financeira) da grande maioria das crianças e jovens brasileiros de ir ao teatro ou mesmo de receber a visita de uma trupe teatral é um fato. [...]. Tornar o espectador iniciante mais íntimo da arte teatral é estimulá-la para um mergulho divertido amplia sua capacidade de apreender o espetáculo e favorece sua socialização, seu acesso ao debate contemporâneo, sua integração e participação sociais. (pag. 36).

Existem diversos problemas que dificultam a participação do público aos espetáculos teatrais, desde sua criação o teatro sempre esteve mais disponível ao público de classe média alta. Entretanto quando o espectador passa a ser ativo, ele torna-se um ser mais critico e disponível a debates da sua realidade.

“Os valores da televisão são os do mercado, tendo em vista que seu objetivo principal é fazer vender produtos e serviços, de maneira que, regida pelo máximo lucro, pouco ou nada avalia os conteúdos e procedimentos estéticos utilizados para manter a atenção do espectador. [...].”. (pag. 39).

A mídia tornou-se um meio de ganhar dinheiro de qualquer maneira, ou seja, os conteúdos que são repassados a população independem de valores éticos e morais, os serviços oferecidos estão sempre ligados aos ganhos financeiros.

“Não seria exagero supor que a arte teatral possa ser encarada como uma proposição espetacular pouco habitual, ou mesmo frustrante, para esse superestimulado espectador contemporâneo. Ao pensar a pedagogia do espectador, portanto, não se pode desprezar o anseio, o hábito, a expectativa que condiciona o individuo – espectador de nosso tempo em sua relação com os variados meios comunicacionais; meios esses que detêm a hegemonia dos procedimentos estéticos espetaculares e da produção de sentidos.”.  (pag. 41).

Os espectadores da atualidade estão sempre na correria, e com grandes expectativas ao que diz respeito à mídia, as pessoas gostam de velocidade, agilidade, objetividades, e muitas vezes não estão acostumados a espetáculos teatrais, que por diversos motivos não se apresentam sempre desta maneira esperada.

“[...]. Ao pensar a pedagogia do espectador, portanto, não se pode desprezar o anseio, o hábito, a expectativa que condiciona o individuo – espectador de nosso tempo em sua relação com os variados meios comunicacionais; meios esses que detêm a hegemonia dos procedimentos estéticos espetaculares e da produção de sentidos.”. (pag. 41).

Os artistas devem estar atentos as necessidades dos espectadores, para dar aos mesmos o suficiente para atrair e conquistar a platéia.

“A busca por um teatro aberto, participativo, que comova, movimente, apaixone e faça pensar, é um desejo expresso em várias línguas. [...].”. (pag. 41).

A teatralidade está presente além dos palcos, e as criações estão sempre em busca de suas legitimações, os artistas estão sempre a procura desta legitimidade, de público participativo, critico e que contribua com suas criações.

“Desde os anos de 1960 até meados de 1970, artistas e educadores, movidos pela ideia de democratização cultural, estruturam variadas práticas destinadas à ampliação social e geográfica do público de teatro, [...].”. (pag. 45).

Desgranges trás um exemplo claro da luta dos artistas e educadores em busca da legitimação e da democratização da cultura.

“[...]. É fundamental que a relação do espectador em formação com o teatro não seja a do aluno que cumpre uma tarefa imposta, mas a do sujeito que dialoga livremente com a obra, elabora suas interrogações e formula suas respostas. [...]. (pag. 67).

O espectador deve ter o poder de especular as criações que assiste criticar livremente e entender como está se pronunciando.

“O teatro brechtiano pretendia aliar à emoção um forte teor reflexivo, o que não levara a um resultado cênico menos prazeroso. Para ele, no entanto, o prazer também precisaria ser posto em questão. [...]. (pag. 93).

Brecht trás em seus históricos a descoberta de um teatro para que o espectador questione, busque respostas, entenda o que vê, reflita as conseqüências. Mas, não esquece que o espectador quer se entreter.

“A impossibilidade de uma visão global da cultura prejudica a formulação de qualquer síntese que se proponha a dar conta do todo social, pois não há ponto de vista que permita um olhar suficientemente abrangente, que alcance todos os aspectos da vida humana neste momento histórico. [...].”. (pag. 144).

A diversidade da sociedade atual e a incoerência na distribuição de informação da mesma dificultam o alcance o dinamismo da vida humana.

“[...]. Um teatro que propõe ao expectador que rearrume os pedaços, fazendo suas escolhas, e monte o jogo de peças em função de suas posições criticas estimulando-o, assim, a produzir conhecimentos. [...].”.  (pag. 168).

O teatro épico proporciona ao espectador visões diferentes de uma mesma história, ao remontar os trechos assistidos, refletindo cada palavra dita pelos artistas em palco.

“Para se pensar uma pedagogia do espectador torna-se relevante; entretanto considerar não apenas a proposta estética que constitui o espetáculo, mas também os procedimentos extra-espetaculares que podem fornecer instrumentos preciosos para uma recepção mais apurada. [...]. (pag. 175).

Cada elemento desenvolvido para a construção de um espetáculo deve ser pensando e avaliado para que possa se refletir uma proposta de pedagogia do espectador.

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